O QUE SÃO BALEIAS JUBARTES?

 "O QUE SÃO BALEIAS JUBARTES?"

Esquete retirada e adaptada da peça “MARIA CONTA A PAIXÃO DE CRISTO” de Gabriel Tonin Prata

 

PERSONAGENS

MADA

JESUS

MARIA

HOMEM MASCARADO 1

HOMEM MASCARADO 2

HOMEM MASCARADO 3

 

(UMA GRITARIA COMEÇA AINDA NO ESCURO; QUANDO AS LUZES SE ACENDEM MADA ESTÁ SENDO PERSEGUIDA PELOS HOMENS MASCARADOS; MADA CAI AOS PÉS DE JESUS)

 

MADA

Meu senhor, por favor, não me faça mal.

 

JESUS

Jamais lhe faria mal, minha senhora. (PARA OS HOMENS) O que está havendo?

 

HOMEM MASCARADO 1

Esse ser humano vai de contra todas as nossas leis, homem.

 

HOMEM MASCARADO 2

Merece pedras até à morte!

 

HOMEM MASCARADO 3

Até à morte! É promiscuidade pura, cavalheiro, da pior espécie.

 

(MARIA APARECE CONTANDO)

 

MARIA

Todos conhecemos bem essa história. Jesus defende a mulher do apedrejamento sem julgar história nenhuma de ninguém.

 

JESUS

Quem nunca errou...

 

MARIA

“Que atire a primeira pedra”. Jesus então desenhou um olho – ou um peixe - no chão e disse pra que a mulher não pecasse mais. Fim da história. Mas nunca, jamais diria que se ela voltasse à pecar, que não teria o direito da vida e respeito mesmo assim.

 

HOMEM MASCARADO 1

Oras, mas é pior do que vocês acham! Essa aberração não é uma mulher!

 

HOMEM MASCARADO 2

É um homem vestido de mulher! Para enganar nós homens!

 

HOMEM MASCARADO 3

Isso vai contra as leis de deus! Isso não é normal! Segundo as tradições ela - ele deve ser morto!

 

MARIA

(PARA O PÚBLICO) É necessário que as parábolas sejam sempre atualizadas para a compreensão da mensagem em si.

 

JESUS

(JESUS GARGALHA) Então quer dizer o que o seu erro com relação ao que você acha sobre ela, é culpa dela?  Quer dizer então que se você se sentir prazer em se deitar com ela é culpa dela e não sua culpa?

 

TODOS

É ELE! É ELE!

 

JESUS

Irmãos... é ELA. (ELE RODEIA O HOMEM MASCARADO 3) Homem, deus erra?

 

HOMEM MASCARADO 3

Não, nunca! Deus não erra nunca! Nem ontem, nem hoje, nem amanhã?

 

JESUS

Então se essa pessoa existe, não pode estar nada de errado na sua existência, senão você estaria dizendo que deus erra na sua própria criação.

 

HOMEM MASCARADO 1

Oras, mas eu acho que isso não é normal.

 

HOMEM MASCARADO 2

É o nosso direito de expressão!

 

HOMEM MASCARADO 3

É a nossa opinião.

 

JESUS

Não tem nada de normal nas estrelas que caem todas as noites e a gente ainda nem sabe o que são, não é mesmo? Não tem nada de normal nos vagalumes que possuem luz própria, nos nossos sonhos de toda noite. Você pode não achar normal a existência de baleias jubartes, por exemplo, mas elas existem, vocês só precisam aceitar, não tem outra opção. O universo é cheio de mistérios mesmo, rapazes. É cheio dos mistérios!

 

HOMEM MASCARADO 1

Mas é a lei!

 

HOMEM MASCARADO 2

É!

 

HOMEM MASCARADO 3

A lei é a lei!

 

JESUS

(UM TANTO FORTE E AFRONTOSO) Pois eu quero ver quem vai atirar alguma pedra nela na minha frente. (LONGO SILÊNCIO) Venha, Mada, minha mãe vai te ajudar...

 

MADA

Como sabe meu nome?

 

JESUS

Ué, nem reparei. Achei que te conhecia.

 

(JESUS SAI COM MADA; LONGO SILÊNCIO ENTRE OS MASCARADOS, ELES SENTAM, BEBEM E FUMAM)

 

MASCARADO 2

O que são baleias jubartes?

 

(LONGA ESCURIDÃO)

 

***

 

EPÍLOGO ESPECIAL

 

(JESUS E MADA CHEGAM ATÉ MARIA)

 

JESUS

Mãe, estou aqui

Olha para mim

Desesperada

Por mais

De ti

 

A tua presença é o meu sustento

A tua palavra meu alimento

 

MADA

Preciso ouvir

A sua voz dizendo assim...

 

MARIA

Vem, filha amada

Vem em meus braços

Descansar

E bem segura te conduzirei

Ao meu altar

Ali falarei contigo

Com meu amor te envolverei

Quero olhar em teus olhos...

 

JESUS

No mais profundo!

 

MARIA

Tuas feridas sararei.

Vem filho amado, vem

Como estás?

Vem filha amada, vem

Como estás?

 

(O DIREITO DE USAR E ADAPTAR ESSA MÚSICA DA BANDA GOSPEL “DIANTE DO TRONO” DE NOME “NOS BRAÇOS DO PAI” É UMA RESPOSTA AO POSICIONAMENTO HOMOFÓBICO DA BANDA; DEUS É MÃE; ESSA RUBRICA PODE SER FALADA; ESCURIDÃO)

 

FIM DO TRECHO QUE PODE SER APRESENTADA SEPARADA DO TEXTO ORIGINAL, COMO EXERCÍCIO CÊNICO.

 





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