TERAPIA DE MONSTROS


TERAPIA DE MONSTROS
Texto de Gabriel Tonin

PERSONAGENS
MARGA (BRUXA)
CHIFRÃO (MONSTRO)
ELIOT (ALIENÍGENA)
PIADA (PALHAÇO)
DOUTORA

CENÁRIO: UM CONSULTÓRIO PARA TERAPIA EM GRUPO.

(TODOS OS MONSTROS ENTRAM ATERRORIZANDO O TEATRO; GRITARIA E SONS ASSUSTADORES)

DOUTORA
Silêncio!

(SILÊNCIO; A DOUTORA APARECE PODEROSA E VAI ATÉ O CENTRO DO PALCO, ENQUANTO OS OUTROS OBSERVAM COM RESPEITO)

DOUTORA
(SÉRIA) Boa noite. Peço máxima atenção de vossa excelentíssima plateia aqui presente, porque o que vamos presenciar aqui hoje, nesse teatro, não é brincadeira de criança. Vocês podem achar que o terror pode ser diversão, é uma desculpa justa. A nossa cultura se diverte com histórias violentas e assustadoras desde que o mundo é mundo. Há um prazer em sentir medo, a gente ri depois de um susto. É a adrenalina, um composto químico que borbulha nas suas entranhas. Mas esse mundo... será que ele é realmente prazeroso e divertido pra todo mundo?

(OS OUTROS PERSONAGENS CHORAM FEITO BEBÊS)

DOUTORA
Já chega! (SILÊNCIO) Chega de chororô! Engole! Vão falar que a gente tá tentando ter dó de bandido.

CHIFRÃO
Eu nunca roubei nada na minha vida!

PIADA
Nem eu! Só roubei sorrisos! Mas é forma de falar.

ELIOT
Bom, as vacas que a gente leva vão por livre e expontânea vontade. A gente conversa com elas antes, pra ver se elas querem conhecer o universo. Já o fazendeiro, quem ele pensa que é pra dizer que é dono daquele animal?

MARGA
Eu confesso. Eu já roubei.

TODOS
Oh!

DOUTORA
É pra isso mesmo que estamos aqui. Pode desabafar, querida.

PIADA
Bruxas roubam criancinhas!

MARGA
Não! Não isso! Eu nunca roubei uma criancinha na minha vida. Ainda. (CONFESSA) Eu roubei um grão de arroz com o meu nome numa feirinha hippie em 1997!

TODOS
Oh!

PIADA
Respeita os artista, camundonga!

MARGA
Veja como fala, cópia de Patatá depois da balada!

DOUTORA
Parou! Vamos todos lavar as nossas roupas, mas vamos fazer isso com organização. Todos tem o direito a reclamação nesse mundo. Todos temos o direito de encontrar as nossas desculpas por ser quem somos.

BRUXA
Eu nunca tive um grão de arroz com meu nome escrito nele...

PIADA
E isso é desculpa pra roubar um pobre artista indefeso que tá tentando a sua dura vida naquela feirinha hippie em 1997?

CHIFRÃO
Não é desculpa.

ELIOT
Ele tem razão.

BRUXA
Eu agi por impulso! Tinha meu nome nele!

PIADA
Faz me rir!

DOUTORA
Escute! Ninguém está aqui pra julgar ninguém. (ELA DISTRIBUI COPOS E OS SERVE COM LEITE) Nosso desafio nessa noite é exatamente esse. Todo mundo aqui tem a ficha limpa pra poder julgar que ela roubou um grão de arroz em 1997? Hein, rapazes?

CHIFRÃO
Eu tô sem moral.

ELIOT
Pensando num ponto de vista mais amplo...

MARGA
Eu errei. É verdade. Eu muito errei. Eu fui muito errada. Mas de muitos erros eu não me arrependo, faria de novo. Até por esses, que eu ainda nem fiz, peço desculpas desde já. (ELA DERRUBA O COPO NO CHÃO) Aí, desculpa. Tá vendo?

DOUTORA
Escutem, vocês não estão entendendo. Não vamos brincar de redenção. Ok? Não precisa pedir desculpa. Não queremos finais felizes com pedidos de perdão no final.

CHIFRÃO
Já é o final?

ELIOT
Mas o que a gente veio fazer aqui, então, minha senhora? Eu viajei anos luz pra vir nessa reunião teatral.

(EM SILÊNCIO, A DOUTORA VAI ATÉ UM MICROFONE; ELA FAZ UM SHOW MUSICAL)

DOUTORA
Não vai rolar pedir perdão
Depois que o copo quebrou
O que importa é a compreensão
E entender a sua missão

Ninguém está livre de errar
É um barco só, meu irmão
A gente aprende com o erro seu
E o todo entende a lição

Não quero uma história
Com um simples final feliz
Te chamam de escória, de bicho feroz
E dizem que deus quis assim

Só quero saber, vamos entender
Que o mal não é culpa de alguém
O cara do mal, já foi um neném
Por que ele não é do bem?
Por que ele não é do bem?
Por que ele não é do bem?

TODOS
Não quero uma história
Com um simples final feliz
Me chamam de escória, de bicho feroz
E dizem que deus quis assim
E dizem que deus quis assim
E dizem que deus quis assim.
(CHIFRÃO ABRAÇA A DOUTORA AOS PRANTOS)

CHIFRÃO
Já é o final?

PIADA
Acho que a gente aqui até tem salvação. Agora ele com essa cara e esses chifres e essa ignorância não tem como alguém achar que esse cara é do bem mesmo. Coitado, né? (GARGALHA)

(CHIFRÃO PEGA PIADA PELO PESCOÇO VIOLENTAMENTE)

DOUTORA
Não! Pare! Larga ele! (CHIFRÃO OBEDECE DEVAGAR) Vamos ver o que acabou de acontecer agora aqui. Alguém consegue fazer uma observação sobre o que acabamos de ver?

PIADA
Eu só tava sendo sincero.

CHIFRÃO
Ele tá me provocando!

ELIOT
O chifrudo aí mostrou o seu lado monstruoso depois de ser atacado pelo piada pintada aí.

CHIFRÃO
Meu nome é Chifrão! Chifrão!

ELIOT
Calma, bicho. Você precisa trabalhar esse controle emocional aí.

PIADA
Todo raivoso.

DOUTORA
Aí que está. Não seria um tanto fácil pedir que ele tenha controle emocional do seu ponto de vista como um ser de outro planeta sem chifres, Eliot? Ou você, Piada, tão famoso e tão querido, tirando sarro dele por graça?

ELIOT
Eu sofro os mesmos preconceitos que ele aqui na Terra. Todo mundo acha que porque eu sou verde e cabeçudo, que eu vou vir pra destruir a civilização. Vê se eu tenho tempo! Esse monte de filme que mostra a gente destruindo tudo, possuindo os corpos, é um desserviço pra união universal.

PIADA
Digo o mesmo sobre filmes de palhaços.

BRUXA
Eu o mesmo pelos filmes de bruxa.

PIADA
Ah, cala a boca! Você tem o Harry Potter do seu lado, fia! Quer mais o quê?

BRUXA
E tenho a igreja como principal inimiga!

ELIOT
Tish! Pegou pesado, mas real.

DOUTORA
E no seu planeta, Eliot?

ELIOT
O que tem?

DOUTORA
Lá você sofre com esse preconceito que diz sofrer aqui na Terra?

ELIOT
Não, né? Lá somos todos verdes, cabeçudos e muito mais evoluídos que vocês humanos preconceituosos.

DOUTORA
Essa prepotência toda não me soa como evolução. Mas enfim...

ELIOT
O que você está querendo insinuar, Doutora? Que se eu não quero sofrer preconceito que eu volte pro meu planeta? Isso parece um tanto (SUSPENSE) racista anti imigração.

DOUTORA
Não, de forma alguma, não foi isso que eu disse. O que eu quero dizer é que as dores nunca são iguais. A gente não pode basear as nossas experiências na dureza da vida pra julgar o que o outro faz, como o outro lida com as durezas da vida dele.

PIADA
Vamos só lembrar que nada é desculpa pra ser um meliante, um fora da lei, um bandido. E vamos lembrar também que eu estou aqui por engano, eu não sou um monstro, eu sou um palhaço.

MARGA
E eu sou uma bruxa.

ELIOT
E eu um extraterrestre.

CHIFRÃO
E eu sou um monstro, qual o problema? Vai encarar?

PIADA
Eu não faço parte da lista de monstros porque palhaços não são monstros! O que aconteceu foi uma difamação sem fundamento que o cinema e a literatura impôs à sociedade.

MARGA
O mesmo aconteceu comigo.

ELIOT
Comigo também.

CHIFRÃO
E comigo!

PIADA
Mas é diferente! Eu não nasci pra fazer maldade! Nós palhaços só queremos fazer as pessoas rirem.

CHIFRÃO
É, ninguém tá rindo agora.

(TODOS RIEM)

CHIFRÃO
Agora tão rindo.

PIADA
Claro, todo mundo só consegue prestar atenção no tamanho desse chifre!

CHIFRÃO
Eu tenho muito orgulho do meu chifre, tá bom?

PIADA
Quantas mulheres precisaram te trair pra ficar desse tamanho?

CHIFRÃO
Meu chifre não significa traição! Eu nasci assim! Herança de pai!

(PIADA TIRA UMA FOTO DO CHIFRÃO)

CHIFRÃO
O que está fazendo?

PIADA
Vou postar. O mundo precisa rir disso. Não se preocupe, camarada, a culpa ainda é delas se elas não conseguem ser fiéis mesmo a um bicho tão feio.

(MARGA TIRA O CELULAR DA MÃO DE PIADA E JOGA FORA DE CENA)

MARGA
Qual o seu problema?

PIADA
Um problema que eu tenho pra resolver é quando a gente vai dar uns beijos? (TENTA BEIJAR MARGA)

MARGA
Sai fora, bicho! Da fruta que você gosta eu despedaço o caroço.

PIADA
Uh, adoro mulher empoderada...

(PIADA GARGALHA SOZINHO; TODOS FICAM EM SILÊNCIO ENCARANDO PIADA RINDO; AOS POUCOS ELE VAI FICANDO ENVERGONHADO)

PIADA
E aí? Qual foi, vocês são politicamente corretos ou o quê?

DOUTORA
Piada, me responda uma coisinha, o que você sente pelas mulheres?

MARGA
É, qual o seu problema com mulheres?

PIADA
Problema com mulheres? Não tenho problema nenhum com mulheres, gosto muito de mulheres, mulheres são... como eu posso dizer? Bonitas, mulheres são bonitas.

DOUTORA
É tudo o que você consegue pensar?

PIADA
Querida, eu entendi, é humor! Vocês sabem o que é humor? Eu sou o especialista em humor aqui.

MARGA
É, mas você não tem muita graça. Aceita.

PIADA
Aposta que eu faço você rir?

MARGA
Aposto!

(PIADA TENTA FAZER MARGA RIR COM CARETAS; ELE TENTA ALGUMAS PALHAÇADAS CLÁSSICAS E NINGUÉM RI DE NADA)

MARGA
O único motivo de riso é essa sua maquiagem de quinta.

PIADA
(ENRAIVECIDO) Cala essa sua boca, respeita os artista, sua... sua ladra de grão de arroz de merda!

TODOS
Oh!

PIADA
Quem você pensa que você é pra falar do preço da minha maquiagem? Eu sou pobre!

MARGA
Pobre e machista.

PIADA
(GRITA BIRRENTO) Eu não sou machistaaaaa! (ELE QUEBRA UM COPO DE RAIVA)

DOUTORA
Aí está. O monstro está em todo mundo.

CHIFRÃO
Ah, lá! A culpa é minha!

DOUTORA
Não, eu quis dizer... o mal.

PIADA
Ora, todo mundo tem raiva... ela é irritante! Você não acha ela irritante? Eu acho.

DOUTORA
Sim, a raiva é um sentimento natural. Todos estamos na beira da possibilidade de fazer... merda na hora da raiva. A questão é exatamente saber encontrar na vida onde é que dói.

CHIFRÃO
Eu tenho uma dor de coluna desde a adolescência. O chifre pesa na cabeça.

(PIADA GARGALHA SOZINHO NOVAMENTE ATÉ FICAR COM VERGONHA)

DOUTORA
Rir dos outros também é uma condição. Você também está aqui por um motivo, Piada.

PIADA
Não, eu estou aqui por um engano. Humor é humor!

DOUTORA
Não é humor se só você está rindo.

TODOS
Uh!

PIADA
Meu humor é sofisticado, vocês não iriam entender.

ELIOT
Depois eu que sou prepotente.

DOUTORA
Repare que seu humor tem feito terror com eles. Primeira coisa que eu vejo em você é o seu desprezo com as mulheres.

PIADA
Eu não desprezo mulheres...

MARGA
Despreza sim.

PIADA
Não desprezo e nunca desprezarei! Eu não sou como os outros caras.

MARGA
Você despreza sim, você colocou a culpa do chifre dele nas mulheres, cara.

CHIFRÃO
Minha mãe nunca traiu meu pai!

DOUTORA
E tentou beijar ela à força também.

ELIOT
Olha, isso é realmente imperdoável.

DOUTORA
De onde vem esse desprezo, Piada?

PIADA
(EXPLODE CHORANDO) São vocês que me desprezam! A vida inteira vocês me desprezam! Nunca eu consegui ter uma namorada! Meu primeiro beijo foi numa barraca de beijo de festa junina! E o segundo também! E também o terceiro!

DOUTORA
É isso. A gente precisa encontrar onde é que dói pra gente entender, Piada. Todos nós temos nossas dores e quando a gente aprende a expôr elas, a gente aprende a enxergar a situação um pouco de fora.

PIADA
Com licença. (PIADA VAI ATÉ UMA PAREDE E COMEÇA A DAR SOCOS)

ELIOT
O que está fazendo, cabra?

PIADA
Eu dou soquinhos na parede pra aliviar a raiva.

MARGA
Aff, típico.

(CHIFRÃO COMEÇA A CHORAR)

DOUTORA
O que foi, Chifrão? O que está sentindo?

CHIFRÃO
Eu acho que eu entendi, dona.

ELIOT
Entendeu? Entendeu o que?

CHIFRÃO
Tudo. Eu entendi. Todo mundo tem uma dor. (CHORA MAIS) E agora, sabendo que todo mundo tem uma dor, dói mais ainda! (ELE VAI ATÉ PIADA, IMPEDE OUTRO SOCO NA PAREDE E O ABRAÇA; OS DOIS CHORAM FEITO BEBÊS)

MARGA
Ai, esse choro masculino me dá náuseas.

DOUTORA
São homens, querida. Deixa eles brincarem. Dura pouco.

CHIFRÃO
Meu amigo, sinto muito por você odiar as mulheres...

PIADA
(EMPURRA CHIFRÃO) Eu não odeio mulher! Eu já falei. Eu sou homem!

CHIFRÃO
Calma, tá tudo bem. Tem muito homem que odeia. Eu entendo o porquê da raiva agora. Solta, solta tudo.

PIADA
Eu vou arrancar esse seu chifre! (OS OUTROS EVITAM UMA BRIGA) Não me segura!

DOUTORA
Calma, por favor...

CHIFRÃO
Dói. Eu acho... que... eu tô... eu não consigo respirar... (CAI NO CHÃO)

MARGA
Deusa do céu, ajuda ele, Doutora!

PIADA
Eita! Eu não fiz nada, vocês tão de prova.

CHIFRÃO
Doutora, eu sinto... que eu sinto as dores do outro. Eu sinto as dores dele e as dores dela... na pele. E o mundo dói. Todos eles estão em dor...

Só quero saber, vamos entender
Que o mal não é culpa de alguém
O cara do mal, já foi um neném
Por que ele não é do bem?
Por que ele não é do bem?
Por que ele não é do bem?

(CHIFRÃO MORRE UM TANTO ENGRAÇADO)

MARGA
Vão falar que a gente tá querendo defender bandido.

ELIOT
Bela tentiva de colocar humanidade no mal.

DOUTORA
E vocês por um acaso acreditam no mal como um ser, como o diabo, por exemplo?

ELIOT
Não, eu não acredito no diabo. No nosso planeta a gente enxerga o mal como uma frequência de rádio. Está no ar pra quem estiver disposto a sintonizar.

MARGA
Eu acredito no diabo e até já vi de perto. Mas até o diabo teve suas dores. A deusa mãe sabe disso e até mesmo ele passará pela compaixão materna da natureza.

PIADA
Você está pedindo pra que eu acredite que o diabo vai ser perdoado e que deus é uma...? (SILÊNCIO)

MARGA
Mulher.

PIADA
Eu não odeio mulheres.

ELIOT
Tô começando a reparar, amigo.

MARGA
E eu não estou te pedindo nada, eu só disse o que eu acredito. Todos os seres criados serão perdoados. Mesmo você. Não por mim, é claro, porque eu não sou deusa e não tenho filho desse tamanho. Eu tenho o livre arbítrio para errar.

ELIOT
E eu também.

PIADA
Eu também.

DOUTORA
Parece que vocês entenderam o motivo de estarmos aqui. Estou orgulhosa. E agora entramos numa nova questão. Sabendo que todos temos o direito de errar, e mesmo com uma desculpa justa pra errar, será que convém errar? Se a gente não enxerga o erro, ele faz parte da vida. Mas e quando a gente pode ver o erro, quando a gente pode saber a fonte da nossa dor, quando a raiva está clara de onde vem? É certo errar porque sabemos que podemos?

TODOS
Tem um lugar
Não longe daqui
A morte vai te pegar
E o sangue na mão
Não é ficção
Viemos para assustar...

CHIFRÃO
Já tá na moral da história?  

ELIOT
Eita!

MARGA
Tá vivo!

PIADA
Mas você não tinha morrido?

CHIFRÃO
Monstros ressuscitam diariamente. Você não assiste filmes, não? No último segundo a gente sempre tá vivo...

TODOS
É o final?

CHIFRÃO
Doutora, durante a minha breve morte eu tive uma visão.

DOUTORA
O que você viu, Chifrão?

CHIFRÃO
Que o povo gosta de história de terror porque o povo adora sentir medo. É por isso que a gente faz tanto sucesso. E essa é a nossa missão. Fazer eles sentirem medo. Porque o medo e a tragédia ensina onde a gente não pode errar de jeito nenhum, mesmo sabendo que todo mundo erra.

DOUTORA
Magnífico, Chifrão! Então não seria um problema se a gente matasse cada uma dessas criancinhas aqui hoje, não é mesmo?

PIADA
Que isso, Doutora? Essa piada não teve graça! Não é não, gente?

ELIOT
Foi bem pesada.

MARGA
Também achei de mau gosto.

DOUTORA
E quem disse que foi uma piada? Eu também não estou aqui pra ser totalmente moralista. Eu também tenho as minhas dores. (A DOUTORA SE REVELA SER UMA VAMPIRA) E as minhas dores sentem sede de sangue!

CHIFRÃO
Ufa, eu já não aguentava mais! Tô cagado de fome!

DOUTORA
O banquete está servido!

(TODOS GARGALHAM MALEFICAMENTE; BLACK-OUT; GRITARIA E SONS ASSUSTADORES; O ELENCO FINALIZA O ESPETÁCULO CANTANDO)

TODOS
Sim, existe um lugar
Não tão longe daqui
Onde a morte vai te pegar
Muito sangue na mão
E não é ficção
São os sustos para alegrar
Olha lá na internet
Quanto sangue e chiclete
Nós viemos pra te assustar!

Piada vem pronta
Na raiz do mal
O sangue é corante
É de brincadeira
Então é legal

Arranca a cabeça
Não é pessoal
Tragédia bacana
História de morte
Artificial...
Tragédia bacana
História de morte
Artificial.

(O ELENCO AGRADECE)

FIM