INÍCIO

 

> TODAS AS PEÇAS <

MONÓLOGOS <

PEÇAS PARA DOIS ATORES <

PEÇAS PARA TRÊS ATORES <

PEÇAS PARA CINCO OU MAIS ATORES <

INFANTIS E INFANTO JUVENIS <


















      Gabriel Tonin, textos teatrais, cenas curtas, peças de teatro, teatro sobre homossexualidade, monólogos, teatro sobre bullyng, peças de teatro para crianças, teatro existencialista, peças online, peças de teatro download, peças de teatro grátis, dramaturgia, todos os textos, novos autores, dramaturgiaemq, download de peças, peças para baixar, textos de teatro online, textos de teatro, textos online, dramaturgia completa, peças inéditas, monólogo para ator, textos musicais, peças infantis, peças para adolescentes, teatro para adolescentes, teatro político, textos de teatro sobre a política atual, peças de comédia, textos de teatro de comédia, texto de teatro de terror, texto de teatro gay, peça gay online, texto de teatro sobre a morte, download de peças de teatro, download de textos teatrais, peças em PDF, textos de teatro em PDF, baixar textos de teatro, baixar textos teatrais, peça de teatro funk, teatro brega, teatro tosco, textos de teatro sobre HIV, textos de teatro sobre feminismo, textos de teatro sobre machismo, textos de teatro sobre homofobia transfobia, textos de teatro sobre religião, textos de teatro sobre deus, textos gospel, peças de teatro gospel, peças de teatro sobre sexo, comédia sobre sexo textos, textos clássicos de teatro download, download textos autores novos, textos curtos, textos de teatro sobre fantasma, teatro espírita, peças de teatro sobre filosofia, peças de teatro pastelão, texto de palhaços, textos teatrais para jovens, textos teatrais sobre maconha, TEATRO peças de teatro sobre maconha, textos de teatro sobre drogas, peças onlines para baixar, textos de peças de teatro para download, textos de peças de teatro para baixar, textos de teatro grátis, para leitura, peças de teatro com beijo gay, peças de teatro sobre amor, monólogos grandes, monólogos curtos, roteiro de teatro, roteiro teatral, peça de teatro sobre família, peça de teatro sobre direitos humanos, peça de teatro sobre comunismo, peça de teatro sobre capitalismo, peça de teatro sobre o cosmos, peça de teatro de super-heróis, peça de teatro evangélica, textos teatrais para baixar, textos teatrais online grátis, novos autores, textos de teatro online grátis, procuro um texto de teatro, textos de teatro gratuitos, textos de teatro gratuitos para download.


      UM BONEQUINHO DE MENINA TRISTE

       

      UM BONEQUINHO DE MENINA TRISTE

      De Gabriel Tonin Prata

       

      PERSONAGENS

      BONECO

      VOZ DA MENINA

       

      UMA ESTANTE INFANTIL GIGANTE.

       

      (o BONECO está encostado imóvel no meio de outros brinquedos; ele tem uma aparência velha, remendada e triste)

       

      BONECO

      Pobre menina

      Tão pequenina

      Mas se ela era triste?

      Não!

      Triste era eu

       

      Sofre de ouvir

      Não tem orelha

      E a sua voz foi ficando fraquinha assim

      Mesmo se trocasse a bateria

      Era velho demais

      Mas se mexia

      Também queria

      Poder ser feliz!

       

      Feito de linha de segunda mão

      Nem foi bem feito com o coração

      Até amável, recosturável

      Velho e novinho

      Cheio de cicatriz

       

      Deixava a estante mais feia, mais triste, mais pobre!

      A voz que não chega

      A música sem rima

      Mas se mexia

      Também queria

      Poder ser feliz!

       

      Mesmo que eu sei que ela me ama

      Assim do jeitinho que eu sou...

       

      (ele faz uma dancinha engraçada e de repente trava a coluna)

       

      “Joga fora! Já tá velho!

      Esse boneco não vale mais!

      Compra outro, manda fazer!

      Brilhante, cantor e com dentes...”

      “Não! Ele era da vovó...”

      Ela amava a vovó

      Chorava pela vovó

      Tinha saudades da vovó

      Até fazia uma oração

      Só pela vovó

      Pra lembrar da vovó...

      Comigo na mão!

      Não com a bola, não com um colar

      Comigo na mão!

      Não com um foto ou um celular

      Nem com um pingente ou mesmo a piscina!

      A recordação só acontecia

      Com toda minha linha e nó

       

      Mas mesmo eu sendo o boneco preferido da menina

      Mesmo feio e velhinho

      Na lembrança da historinha

      Fica tudo muito triste

      Pelo adeus que deus deu pra vovó...

       

      (ele veste uma máscara e imita a mãe)

       

      MÃE

      Esse boneco velho e fedido! Essa menina não quer jogar fora, ou dar embora de jeito nenhum! Sempre que rasga um pedacinho, vai eu ter que costurar. Ela só ora se estiver segurando esse bicho feio! Já tá todo babado, todo nojento! Mas se eu falar de jogar fora ela faz um tedéu. Esse troço era da minha sogra. Minha sogra que deu pra ela quando ela nasceu. Ah, se eu pudesse ter jogado isso fora antes! A véia morreu, não deixou nenhuma herança pra menina, nem nunca gostou de mim, nem eu dela... mas o boneco tem que deixar aí, se não a menina é capaz de ter um treco. A única coisa boa que esse demônio faz, é fazer ela rezar pra deus. Pelo menos dá um pouco de alento e esperança, um pouco de fé; até... deixar de ser criança...

       

      (o BONECO joga a máscara fora fazendo outra dancinha engraçada)

       

      BONECO

      Tem dia que ela gosta de inventar

      Eu tenho várias roupinhas de encaixar

      Roupinha de menino e de menina

      Tem dia que ela pinta a minha cara

      Coloca uma trancinha e um vestidinho de papel

      “Ué, mas esse treco é boneco menino ou boneca menina?”

      O pai pergunta.

      E ela responde com toda inteligência das respostas e inocência das crianças:

      “É só um brinquedo, pai! Pode virar o que eu quiser porque ele é meu!”

       

      (ele dança como uma bailarina, com um vestido e uma peruca de papelão)

       

      “Se o vovô visse um negócio desse... Um escândalo!”

      Mas a menina não tinha conhecido o vovô, ele já tinha morrido antes mesmo de ela estar na barriga da mamãe, então ela nem ia ligar pro que o vovô achava.

       

      (a voz da menina ecoa em uma oração; o BONECO fica imóvel)

       

      VOZ DA MENINA

      Papai do céu, cuida bem da minha vó. Faz a estrelinha brilhar bem forte no coração dela que tá lá no cemitério. Eu não gosto de ir no cemitério, avise ela pra mim. Mas não tem importância, né, papai? Porque ela tá aí com você, com um coelhinho e uma capivara, igual eu sonhei aquele dia, não é? Muito obrigada pelo meu dia e faz eu sonhar com a vovó, o coelhinho e a capivara outra vez, se puder. Por favor, pode deixar eu ser feliz amanhã de novo, tá bom? Obrigada e boa noite!

       

      (as luzes focam no boneco; ele anda pelo palco meio torto e perdido)

       

      BONECO

      Mas então...

      Quem é triste?

      A menina ou o boneco?

      Acho que a saudade dentro do boneco

      Mas a saudade de uma lembrança feliz.

       

      (ele volta à posição inicial)

       

      FIM