DOIS
PALHAÇOS NUMA PRAÇA SUJA
De Gabriel Tonin
PERSONAGENS
Totonho
Pacocó
UMA PRAÇA SUJA.
CENA
1
TOTONHO
Bom dia, boa tarde, boa noite, caros telespectadores
de idades superiores e inferiores!
PACOCÓ
Gente velha e criançada de todo esse imenso país!
TOTONHO
Humildemente na humildade úmida dessa vida, viemos
partilhar de nossas poesias e histórias de palhaço da vida real.
PACOCÓ
É porque ele precisa comprar um sapato novo! Olha
esse, coitado. Por isso que tem que vir aqui fazer palhaço, porque não consegue
arrumar um emprego decente. E vai ser piada, pi-ada, não poesia, pelo amor de
deus!
TOTONHO
(DRAMÁTICO) Eu era trabalhador. Trabalhei,
trabalhei, trabalhei e nem mesmo um sapato novo tô conseguindo comprar pra
melhorar de vida.
PACOCÓ
E não é? Quem que vai contratar um cara com o dedão
pra fora do sapato?
TOTONHO
Seu sapato é novinho e você também não tem um
emprego decente! É Nike ainda! Metido.
PACOCÓ
(ORGULHOSO) Meu emprego é esse aqui! E se tem alguém
aqui que não acha decente, que vá cuidar da própria vida e limpar uma boa
privada! Comprei num brechó.
TOTONHO
Eu sei, meu amigo, eu sei.
OS DOIS
Procuramo
um lugar
No
espaço, sei lá
Um
lugar bem coloridin’
Pode
ver na internet
Nóis
viaja, intelect
Os
artista estão no fim...
Pode
ser bem aqui
Com
você bem aí
Precisamos
do seu dim dim!
Oh,
desesperados!
Minha
gente de bem
Ajuda
a gente
Precisa
um sapato
Pra
ir mais além
Oh,
desesperados!
Não
nos leve a mal
A fome
está braba
Estamos
na estrada
Pode
ser um real.
(ELES PASSAM O CHAPÉU)
PACOCÓ
Quem puder compartilhar com mais de um real, pode
ser cinquenta real também.
TOTONHO
A gente tá passando cartão também. Só conversar ali
com a produção.
PACOCÓ
Ué, a gente teve que entrar no sistema ou então a
gente morria de fome. Aceitamos Visa, Elo, Credcard internacional. Forçaram a
gente a ser liberal, é o desespero!
TOTONHO
Falaram que não tinha almoço de graça, mas eu acho
que tem gente que tem banquete de graça, viu. Isso sim.
PACOCÓ
Eu não tenho um centímetro de terra que posso
considerar meu perante a lei! Nem aqui, nem ali, nem nos lugar público! Tudo tem
dodo e meu pai não era dono de nenhum centímetro. Até nos lugar público tem que
ter permissão!
TOTONHO
Você não é o único, Pacacó, a maioria do povo vive
de aluguel.
PACOCÓ
E é por isso, pela campanha de ajudar Totonho
comprar um tênis e ele finalmente encontrar um trabalho decente, que vamo
passar esse chapéu mais uma vez, minha gente! Mais uma rodada!
TOTONHO
Não, não! Uma vez já tá bom. Eles entenderam o nosso
desespero de sobrevivência com a nossa música!
PACOCÓ
E com esse dedão pra fora também.
TOTONHO
(APRESENTA) Todos pagantes e não pagantes!
PACOCÓ
Reparem que a gente deu o poder de escolha de vossas
senhorias!
TOTONHO
Todos são bem vindos para ver Dois Palhaços Numa
Praça Suja! E vamos começar com uma poesia que eu escrevi ontem e ela começa assim... (VAI ATÉ UM MICROFONE E
LÊ) “Pombinha branca, não case não, coloca foco na profissão...”
PACOCÓ
Parou, parou, parou! A gente tinha combinado de
trazer piadas! Pi-adas!
TOTONHO
Cada um faz a arte que saber fazer, ô! Tá me
censurando, Pacacó? Se alguém não gostar e quiser o dinheiro de volta é só ir
embora, porque pelo amor de deus não queira o dinheiro de volta, a gente já
tava combinando de comprar um pastel!
PACOCÓ
Totonho, pelo amor de deus, coloca essa mão na
consciência que ninguém gosta de poesia, as pessoas querem que a gente chute e
bunda um do outro e pronto. Quer ver?
(PACOCÓ CHUTA A BUNDA DE TOTONHO; SILÊNCIO)
TOTONHO
Tá de sacanagem comigo? Vai chutar a minha bunda pra
quê, rapaz? Eu só tô querendo um sapato.
PACOCÓ
E não era humildemente na humildade úmida? Quer mais
humildade do que ganhar um dinheirinho tomando chute na bunda?
(PACOCÓ CHUTA A BUNDA DE TOTONHO MAIS UMA VEZ)
TOTONHO
Ah, não, agora você vai ver! (CORRE ATRÁS DE PACOCÓ)
PACOCÓ
Isso, isso! Festa! Brincadeira!
TOTONHO
Eu vou contar minhas poesias!
PACOCÓ
Palhaço só tem poesia de tristeza. (PARA O PÚBLICO) Vocês
preferem piada ou poesia? (IMPROVISO COM AS RESPOSTAS) São dois palhaços,
Pacocó! Eles pagaram pra gente fazer eles rir! É ou não é?
TOTONHO
Ué, mas o que eu posso fazer se eu sou mais
romântico do que humorista! Eu sou um palhaço romântico. (PARA ALGUM EXPECTADOR,
LÊ OUTRA POESIA) “Doce flor do infinito, e amor rima com dor, você é um homem
bonito...” Me adiciona no Facebook.
PACOCÓ
Rapaz, mas você tá dando em cima do moço no meio da
poesia?
TOTONHO
Eu sou um palhaço das românticas, Pacocó! Eu quero
um sapato novo pra encontrar gente que goste de mim! E fala se o moço não é
bonito mesmo? Não dá pra ficar perdendo oportunidade não, fio!
PACOCÓ
Tá bom, o moço é boa pinta, tem presença...
TOTONHO
Ai, custa tanto falar a palavra “bonito”?
PACOCÓ
... mas não pode fazer isso! E se o moço tem
namorada ou namorado? Vamo ganhar nosso dinheiro igual tudo os artista faz!
TOTONHO
Eu tenho outra poesia aqui...
PACOCÓ
Não! Chega de poesia! Ninguém gosta de poesia! É pra
fazer palhaçada, o povo quer palhaçada! A gente tá com a cara pintada e tudo,
Totonho.
TOTONHO
Então tá bom.
(TOTONHO DÁ UM CHUTE NA BUNDA DE PACOCÓ)
PACOCÓ
Perdeu a noção do juízo?
TOTONHO
Na bunda dos outros é refresco, né?
(PACOCÓ CORRE ATRÁS DE TOTONHO E DISCUTEM EM
GRITARIA)
CENA
2
(NUM ACERTO DE CONTAS, ELES FAZEM OUTRO SHOW
MUSICAL)
OS DOIS
Nóis
vai tentar
Nóis
somo gente de bem
Tudo
o que a gente quer é ser bem tratado
E ter
comida também
Quem
não respeita os cara, não respeita ninguém
O
palhaço de verdade quer ser bom também
Quero
ser pai, mas tá todo mundo meio sem saída
Tem
piada e poesia
É
vida louca
Tudo
o que a gente precisa é de um novo sapato
Que
vida louca
Isso
é palhaçaria
É
vida louca
Tudo
o que a gente precisa é de um novo sapato
Que
vida louca!
TOTONHO
Vida louca é gíria de marginal!
PACOCÓ
Queridão, e você acha que você sendo palhaço de rua
assim você é considerado o quê?
TOTONHO
Marginal, sem ocupação, sem função social e
desvalorizado.
PACOCÓ
Por isso mesmo que a gente tem que à partir de agora
contar as piadas que a gente tinha combinado.
TOTONHO
Mas sem forçar a barra, hein? Vamo fazer piada
inteligente.
(PACOCÓ CHUTA A BUNDA DE TOTONHO DE NOVO)
TOTONHO
Pacocó!
PACOCÓ
Mas o povo gosta, ô!
(TOTONHO CHUTA A BUNDA DE PACOCÓ)
PACOCÓ
Ei!
TOTONHO
Duas bundas! Isso é uma democracia ou não é?
PACOCÓ
Eu vou contar a primeira piada. “Era uma vez, dois
palhaços pobres, desempregados, tentanto comprar um sapato pra poderem melhorar
de vida. Fim”. (ELE GARGALHA COM A PRÓPRIA PIADA; TOTONHO NÃO ACHA GRAÇA) É
muito boa, vai!
TOTONHO
Essa era a piada super engraçada que você queria
contar?
PACOCÓ
É, ué. É uma tragicomédia!
TOTONHO
Realmente. Dizem que por trás de todo nariz de
palhaço há um ser humano comum, triste, também desesperado para alimentar os
filhos, mesmo os que ainda nem filhos tem.
PACOCÓ
Essa parte a gente esconde! Alegria! Vamo fazer
festa pra valer cada um real dentro daquele chapéu! É isso que vocês querem,
não é, pessoal?
TOTONHO
Então conta uma piada que seja boa, pelo menos.
PACOCÓ
Ah, vamos ver... Tem que ser uma piada inédita?
TOTONHO
Qualquer piada, Pacocó! Ou então eu vou contar
minhas poesias...
PACOCÓ
Não! Eu tenho uma. Eu tenho uma boa!
TOTONHO
Vai lá, então.
PACOCÓ
Qual é a piada do pintinho?
(SILÊNCIO)
TOTONHO
Ah, Pacocó, essa é mais velha que a minha bisavó!
PACOCÓ
Se você é tão espertão, então qual é? Qual é a piada
do pintinho?
TOTONHO
É piu! (DEBOCHANDO) Há-há-há, super engraçado.
PACOCÓ
Conta você uma piada então. Quem tá precisando de
sapato novo aqui é você, colega! O meu nike até brilha, ó!
TOTONHO
Bom, vejamos. Tinha um homem viajando em um avião...
PACOCÓ
Era um homem branco, negro, japonês, índio...?
TOTONHO
Isso não importa!
PACOCÓ
Como não importa? Eu preciso saber dos detalhes pra
entender a graça, ué. O contexto histórico conta muito nessas coisas! Não me
venha com piadas preconceituosas, pelo amor de deus, Totonho!
TOTONHO
Não é preconceituosa! (CONTINUA) Tinha um homem de
qualquer tipo viajando de avião. Aí a aeromoça chega e pergunta.
PACOCÓ
Era uma aeromoça bonita?
TOTONHO
Deixa eu contar a piada, Pacocó! O que importa se a
moça era bonita ou não?
PACOCÓ
Pra mim importa, ué. Eu sou artista detalhista. Supere.
TOTONHO
Um homem de qualquer tipo estava viajando de avião.
Uma aeromoça, que não importa se era bonita ou não, mas que era muito gentil e
tinha os cabelos curtinhos, chegou para o homem e perguntou: Senhor, “o senhor
gostaria de jantar?” “E quais seriam as opções?”, perguntou o homem. E a
aeromoça: “sim ou não”.
(SILÊNCIO; PACOCÓ DEMORA PRA ENTENDER, MAIS CAI NA
GARGALHADA)
PACOCÓ
Meu deus do céu, mas que aeromoça mais burra!
TOTONHO
Burra não. Era uma aeromoça inocente, coitada.
PACOCÓ
Vocês entenderam? Ela achou que ele tava falando das
opções de resposta que ele tinha e não das opções do cardápio! Genial!
TOTONHO
Não tem que ficar explicando a piada, Pacocó. Fim!
PACOCÓ
Você é bom de piada, Totonho. Acho que vamo comprar
esse seu sapato rapidinho! Essa foi boa, não foi, gente? Vale passar o chapéu
outra vez!
TOTONHO
Não! (IMPEDE A PASSADA) Humildemente humilde e
úmido, Pacocó. Estamos aqui pela alegria! Apesar... dos pesares...
PACOCÓ
Se nóis não tá roubando, se nóis não tá matando,
ajuda quem quiser, oxi! E mais! A nossa brincadeira aqui está acima do
dinheiro! É diversão, piada e chute na bunda! Muito mais legal!
TOTONHO
(GARGALHA) Tá brincando, né? E por um acaso alguém
vive sem dinheiro? Dá pra viver sem dinheiro, gente? Não dá!
PACOCÓ
Mas foi você que aceitou fazer essa palhaçada aqui a
troco de migalhas!
TOTONHO
E foi ideia sua!
PACOCÓ
Eu avisei você. Meu tênis tá novinho! Olha esse
brilho! Eu tô aqui por diversão mesmo.
TOTONHO
E o pastel? E a janta dos filhos?
(SILÊNCIO)
PACOCÓ
E vamos para a próxima piada!
TOTONHO
(SE PREPARA) Tinha um homem com uma bexiga.
PACOCÓ
O homem era branco, negro, magro, gordo...?
TOTONHO
Não importa! Podia ser qualquer homem! Qualquer tipo
de homem!
PACOCÓ
Podia ser uma mulher?
TOTONHO
Podia! Podia! Deixa eu terminar de contar, poxa!
PACOCÓ
Termina, uai.
TOTONHO
Tinha uma mulher
com uma bexiga. Aí a mulher se cansou daquela bexiga. Ela pegou a bexiga e deu
pra outra pessoa com uma agulha bem pontuda. Qual o nome do filme?
PACOCÓ
Que filme?
TOTONHO
O nome do filme que eu falei da mulher da bexiga!
PACOCÓ
Fizeram um filme sobre uma mulher que cansa de ter
uma bexiga? Que povo mais sem criatividade!
TOTONHO
Não! É uma piada, é uma piada! A mulher entregou a
bexiga com uma agulha pra outra pessoa. Qual o nome do filme?
PACOCÓ
Eu não faço ideia, nunca assisti um filme com esse
enredo.
TOTONHO
Toy Story.
(SILÊNCIO)
PACOCÓ
Não entendi. Não consegui entender essa.
TOTONHO
A mulher tinha duas bexigas, se cansou das bexigas e
entregou pra uma pessoa com uma agulha, qual o nome do filme?
PACOCÓ
Agora ela tinha duas bexigas?
TOTONHO
Toy Story 2.
(SILÊNCIO)
POCOCÓ
Ainda não saquei.
TOTONHO
Aí a mesma mulher tinha agora três bexigas, se
cansou das bexigas e entregou pra uma pessoa com uma agulha...
PACOCÓ
Eu não tô entendendo nada! Qual o problema dessas
bexigas, pelo amor de deus?
TOTONHO
Qual o nome do filme?
PACOCÓ
Eu não sei! Eu não sei!
TOTONHO
Toy Story 3.
PACOCÓ
Me explica essa piada que eu não entendi nadinha de
nada!
TOTONHO
Calma que já lançou a sequência quatro. Uma mulher
tinha quatro bexigas...
PACOCÓ
Não! Me explica o que tem a ver o filme Toy Story
com a mulher neurótica com as bexigas!
TOTONHO
(EXPLICA CALMAMENTE; ELE ARRUMA UMA BEXIGA E ENTREGA
UMA AGULHA PRA ELE) Tó. E estoure.
(SILÊNCIO; PACOCÓ FINALMENTE ENTENDE A PIADA E
GARGALHA DE RIR)
PACOCÓ
Tó e estoure! Tó e estoure! Toy Story! Vocês
entenderam? Foi a melhor piada que eu já ouvi na minha vida! Você como poeta é
um ótimo piadista, Totonho!
TOTONHO
Poesia eu faço por amor... Aqui é pelo sapato novo,
ué.
PACOCÓ
Tem que se vender mesmo, garoto! Não tem jeito. Se quer
comer, se quer sobreviver tem que se vender. Vamo passar o chapéu de novo!
TOTONHO
Não! Guarda esse chapéu!
OS DOIS
O tempo
vai passar
Tá
osso de virar
Se
o dia tá ruim
Importante
é fazer todo mundo rir
Nunca
se esqueçam do palhaço aqui
Não
é só pelo dimdim!
Não
é pelo dimdim...
CENA
3
TOTONHO
Agora vamos para a parte séria da nossa
apresentação!
PACOCÓ
E apresentação de palhaço tem que ter parte séria?
TOTONHO
Olha as condições que nos encontramos, meu amigo!
Sapato furado, praça toda encardida de sujeira pra todo canto...
PACOCÓ
Desmonte público, desvalorização dos artistas! Fome!
Olha a minha barriga roncando de novo...
TOTONHO
É hora do trabalho social da nossa função. Não
viemos aqui só pra contar piada e tentar a sobrevivência, viemos aqui por um
propósito maior, na humildade úmida da nossa existência, no desespero de
mostrar importância no que a gente faz!
PACOCÓ
Oh, desespero cruel!
TOTONHO
E que todo mundo escute!
PACOCÓ
Todos os transeuntes, expectadores, telespectadores,
apoiadores, governantes e gente que chama a gente de vagabundo!
TOTONHO
Nós estamos aqui e viemos nos propôr a dar uma
limpada geral nessa praça! E chamar cada um de vocês pra participar dessa
jornada. Não por dinheiro, não pra postar no Facebook. Porque é o certo a se
fazer!
PACOCÓ
Pra quem não sabe, um pouco de educação não faz mal
pra ninguém. (APONTA LATÕES DE LIXO COLORIDOS) Azul é pra colocar papel, vermelho
vão as coisas de plástico, verde é pra vidro e amarelo latinhas de metal! Quem
vai entrar nessa jornada com a gente?
TOTONHO
À partir de agora, em clima de festa e não de
obrigação, quem quiser nos ajudar na limpeza desse local será muito bem vindo!
E mãos à obra!
OS DOIS
Criança
tem que aprender
O
que os pais não ensinaram
O
lixo que for fazer
Precisa
ser reciclado
Não
é só pra tirar foto, é que o planeta tá esgotado...
Não
existe jogar fora
As
coisas tão aqui dentro
O
lixo não vai sumir se não fizermos desse jeito...
TOTONHO
A
coisa tá feia, que medo, que treta!
OS DOIS
Vamo
deixar tudo limpo pras criança do planeta!
PACOCÓ
A
coisa tá feia, que medo, que treta!
OS DOIS
Vamo
deixar tudo limpo pras criança do planeta!
(OS DOIS LIMPAM A PRAÇA E PEDE AJUDA DO PÚBLICO PRA
SEPARAR O LIXO NAS CORES CORRETAS DE RECICLAGEM; NO MEIO DA LIMPEZA, TOTONHO
ENCONTRA UM PAR DE TÊNIS E ELES SE ABRAÇAM EMPOLGADOS COM O FINAL FELIZ)
FIM
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