EM VIADO

EM VIADO

PERSONAGENS
Mãe
Abadon
Ragnarok / Oficial de Justiça

PRÓLOGO

(enquanto a plateia entra, a Mãe está sentada de costas enfiando uma agulha de costura na vagina; ela sofre e sangra por algum tempo; quando todos estiverem acomodados, a cena termina com um grito de desistência desse aborto; em vídeo vemos imagens do universo; planetas, estrelas, bactérias e um bebê em gestação; as luzes se apagam)

CENA 1

(uma sala bagunçada com latas de cerveja e pratos sujos; um quadro de Jesus e Maria está pendurado ao centro; ao fundo ouvimos alguma música alta de metal pesado; a Mãe fuma um cigarro enquanto assiste televisão)

MÃE
Abadon! Dá pra abaixar essa porcaria? Eu tô tentando assistir aqui.

(silêncio; a música continua alto)

MÃE
Abadon! Caramba!

(a música diminui)

ABADON
(em off) O que é?

MÃE
Abaixe essa porcaria, eu não tô conseguindo ouvir a televisão.

(ouvimos o áudio da TV de algum programa do Discovery Channel sobre alienígenas; Abadon sai do quarto e passa direto pela sala sem falar nada; a Mãe continua fumando em silêncio assistindo a televisão; Abadon retorna e vai direto para o quarto)

MÃE
Tá forte esse cheiro, hein. Eu já falei pra você não fumar essa merda aqui dentro de casa.

(Abadon bate a porta do quarto)

MÃE
Mas que, viu. Eu já arranco essa porta fora aí você vai ver.

(silêncio; a Mãe continua entretida com seu programa, quando Abadon aumenta novamente o som)

MÃE
Abadon! Abaixe essa merda! (ela vai até a porta e bate com raiva) Abaixe essa merda que eu tô assistindo, Abadon!

(ouvimos algum barulho de algo quebrando dentro do quarto e a música cessa)

MÃE
Vai quebrar a casa agora? Tá irritadinho por que? Abra essa porta!

ABADON
(em off) Me deixa quieto!

MÃE
Você tá irritadinho por que? Eu já falei pra você abrir a porta, Abadon!

ABADON
Me deixa quieto, porra!

(a campainha toca; a Mãe vai até a porta atender; não vemos o Oficial de Justiça)

MÃE
Pois não.

OFICIAL
Por favor, o senhor Abadon.

MÃE
Sobre o que seria?

OFICIAL
Você é mãe dele?

MÃE
Sou sim. Mas ele já é maior de idade. O que aconteceu dessa vez? Abadon!

OFICIAL
Eu tenho uma intimação pro seu filho aqui. Ele tem que comparecer em juízo no dia vinte e quatro, ele pode se acompanhar de uma advogado se ele preferir. Se a senhora puder assinar aqui pra mim, por favor...

MÃE
O que ele fez dessa vez?

OFICIAL
Desordem pública.

MÃE
Ai, meu deus do céu.

OFICIAL
Assine aqui.

(silêncio)

MÃE
Mas o que foi que ele fez?

OFICIAL
Atentado ao pudor público. Seu filho ficou pelado em praça pública e destruiu a estátua do patrono.

MÃE
Destruiu a estátua do patrono?

OFICIAL
Arrancou a cabeça. Eles têm vídeos como prova. Desculpe pelo incômodo, senhora.

MÃE
Imagina. Desculpe eu.

(ela fecha a porta e entra em cena abrindo o envelope da intimação)

MÃE
Filho da mãe. Abadon! Presentinho pra você.

(ela se senta e acende outro cigarro)

(em vídeo, vemos Abadon brincando e beijando a cabeça de alguma estátua; ele tira a camiseta e o vídeo para)

MÃE
Filho da mãe. Só traz desgosto pra essa casa. Eu falei que ia dar merda, eu sabia que ia dar merda. Vergonha.

(Abadon sai do quarto pra ir ao banheiro)

MÃE
Ó, presentinho pra você. Agora você se ferrou, bonitão. Toma.

ABADON
O que é isso?

MÃE
Uma intimação. Trouxeram na porta. Você não tem vergonha dessas porcarias que você faz, Abadon? Eu já tô de saco cheio disso, viu.

ABADON
Intimação por conta de quê?

MÃE
O que você tinha que se meter com essa gentinha, Abadon? Agora você tá dando pra ser vândalo, é isso?

ABADON
Por causa da estátua?

MÃE
O que é isso, Abadon? Falta alguma coisa aqui dentro de casa pra você? O que eu fiz de errado pra merecer essas coisas, Abadon? Me fala.

ABADON
O povo venera a estátua de um general.

MÃE
E o que você tem com isso?

ABADON
Você sabe quem era o cara dessa estátua, mãe? O cara metia cacete nos outros. Um cara assim não merece uma estátua em praça pública.

MÃE
O que diabos você tem a ver com isso, Abadon? Você quer ser preso? É isso que você quer? Não quer trabalhar, não quer ajudar em nada aqui em casa. O que você quer?

ABADON
Eu não quero nada. Que merda, hein. Vou falar com o tio pra ver se ele vai de advogado comigo.

(Abadon vai pegar um cigarro da mãe e eles brigam pelo maço)

MÃE
Não! Não! Não vai fumar! Dá isso aqui!

ABADON
Dá um cigarro, pô!

MÃE
Vá comprar o seu!

ABADON
Que merda, caralho.

(a Mãe dá um tapa forte no braço dele)

ABADON
Ai!

(silêncio)

MÃE
Um marmanjo desse tamanho. Não tem vergonha na cara.

ABADON
Logo eu vazo dessa merda. Relaxa.

MÃE
E vai pra onde? Vai pra de baixo da ponte, só pode. Eu não sei onde foi que eu errei com você, Abadon. Nunca faltou nada pra você aqui em casa.

ABADON
Talvez é falta de surra de pai.

MÃE
Talvez seja mesmo.

ABADON
Então não me culpe.

MÃE
Culpo! Culpo sim! Culpo sim porque eu não aguento mais.

ABADON
Eu que não aguento mais esse inferno aqui.

MÃE
Não tá contente, pega as suas coisas e vaza. É fácil resolver isso, rapaz. Vá dar um jeito nessa sua vida porque eu tô de saco cheio.

ABADON
Não precisa falar duas vezes. Valeu, mamãe. Muitíssimo obrigado pela parte que me toca.

(Abadon entra no quarto irritado; a Mãe fica em silêncio disfarçando algum nervosismo; ouvimos barulho de bagunça no quarto)

ABADON
(em off) Você nunca mais vai precisar ver a minha cara de novo! O vagabundo aqui é um estorvo! Eu sempre fui a porra de um estorvo! (ele derruba alguma coisa) Que merda! Que merda!

(a Mãe fica em silêncio um pouco sentida; arrependida, mas orgulhosa; Abadon entra com uma mochila e uma mala; ele tira o quadro de Jesus e Maria e joga no chão)

ABADON
Essa merda aqui também. Passar bem, mãe.

(Abadon sai; a Mãe finge nem olhar ou se importar; ela aumenta um pouco o volume da TV e continuamos ouvindo um programa sobre alienígenas)

(a luz cai em resistência enquanto ela fuma; black-out)


CENA 2

(enquanto vemos um vídeo de um bebê em gestação, Abadon entra, tira a roupa por completo e dança ao som de uma música frenética)

ABADON
Pra se existir tem que haver paixão. Tem que haver tesão. Tem que haver propósito. Pra que diabos você veio ao mundo, meu querido zero à esquerda? Aceitar generais e ditadores? Aceitar o mundo como ele é, porque deus quis que assim fosse? Pra se existir, e ter importância na existência tem que fazer mais. Tem que mostrar o pau! Dar o tapa a cara e parar de querer ser um Zé Ninguém. Maconheiro, viado, vagabundo, filho de uma puta. Todos querem palpitar, todos querem ter opinião, mas levantar a porra da bunda da cadeira ninguém quer. Foi assim que deus fez, é assim que deus quer. Não se muda o mundo respeitando a opinião de quem te oprime! Não se muda o mundo venerando generais e ditadores! Eu sou um bosta. Mas sou um bosta ao menos politizado.

(a música termina; secamente ele se veste, enrola um baseado em silêncio e acende; a Mãe entra neutra e didática)

MÃE
Vamos pensar na moralidade e na parte artística dessa situação. Eu como mãe, e mulher formada, tenho as minhas opiniões particulares, assim como cada um aqui presente deve ter. Discordo completamente do abuso artístico de cenas assim, de uma nudez gratuita simplesmente por ter uma nudez. O motivo é qual? Qual é o propósito disso? Quebrando a parede dessa novela, arrisco em dizer que não tá fácil pra ninguém. A vida é muito dura mesmo, criar um filho nos padrões modernos não tem sito fácil, tem sido uma provação. Eu pedi, eu tentei evitar essa benção de deus. Eu implorei pra que deus me livrasse desse mal, mas vocês sabem como funciona essas coisas, não é mesmo? Só tive más notícias nesses anos todos, só tive desgostos.

ABADON
Mãe, acho que eu gosto de meninos.

MÃE
E depois nosso bebezinho começa a andar com as más companhias, começa a trazer droga pra dentro de casa. Começa a falar palavrão e a desrespeitar a própria mãe.

ABADON
Mãe, eu creio ter vindo ao mundo pra ser revolucionário.

MÃE
E esses livros, esses filmes, essa sociedade. Vão enfiando um monte de porcaria sensacionalista na cabeça da juventude. Eu também fui jovem e eu sei bem como é essa sensação. Essa vontade de querer mudar o mundo com os próprios braços.

ABADON
Mãe, eu vou fazer faculdade de Arte. Eu quero ser artista.

MÃE
E nós ficamos pra trás. Não há mais nada o que se fazer. O filho nasce folha em branco, e o mundo rabisca em cima. E o nosso rascunho, os nossos planos, vão pra merda.

ABADON
Mãe, você me deu um nome de demônio. Abadon é um nome de diabo. Quem é o meu pai?

(a cena volta para um realismo; a Mãe está com uma sacolinha visitando o filho na cadeia)

MÃE
Você fez uma tatuagem, é?

ABADON
Quem não tem tatuagem aqui dentro é taxado de moleque.

MÃE
Eu trouxe leite condensado.

ABADON
Obrigado.

MÃE
Eu falei que ia dar merda, Abadon. Eu não falei?

ABADON
Agora já foi. Logo mais eu saio. Seis meses passam voando. Vou pagar o restante com serviço comunitário. Colocaram droga na minha conta também, por isso que deu merda. Esses polícias filhos da puta.

MÃE
Você precisa criar juízo nessa sua cabeça, Abadon.

(silêncio)

ABADON
Eu tô doente, mãe.

(longo silêncio)

MÃE
Não era isso que eu queria pra você.

ABADON
Não era isso que eu queria também. Mas fazer o que se eu nasci?

MÃE
Não foi culpa minha. Eu juro que eu tentei fazer tudo o que eu pude, Abadon.

ABADON
Eu não te culpo, não. Deus quis assim é assim que é pra ser.

(silêncio)

ABADON
A tia veio me visitar aqui semana passada. Ela me disse uma coisa.

(silêncio)

MÃE
Eu tentei sim. Eu tentei não ter você. Eu era muito menina naquela época.

(silêncio)

ABADON
A merda então aconteceu porque você falhou. Eu teria preferido que você tivesse conseguido.

(a Mãe abraça Abadon carinhosamente)

MÃE
Desculpa.

ABADON
Você sabia que Abadon é o nome de um demônio?

MÃE
Não tem nada a ver isso.

ABADON
De onde você tirou esse nome?

MÃE
Não tem nada a ver isso, Abadon. Pare de besteira. Quando você sair daqui, se você quiser voltar lá pra casa...

(silêncio; ouvimos o alarme da prisão; a luz cai em resistência com Abadon nos braços da mãe; black-out)


CENA 3

(um foco destaca Ragnarok monstruosamente; a Mãe está deitada em sua frente em posição de parto; Ragnarok é grande e não é um ser humano)

RAGNAROK
Aba lumará, casca Ragnarok coma vari dum. Piérro vantra suminá, duma limbero asgra cam. Ragna, chagna, Jeshua es iqualita. Noma gód. Noma gód. Tuto quantum Ragnarok desvre Abadon come pute in munto. Tuto. Tuto.

(ele aponta para a barriga da Mãe que grita assustadoramente)

(black-out rápido; quando as luzes se acendem, a Mãe acorda de um pesadelo; ela se acalma lentamente, ofegante)

MÃE
Eu não queria. Esse fardo é muito pesado. (pausa; ela pega o quadro de Jesus e Maria e o coloca de volta na parede) Espírito santo é uma ova.

(em vídeo vemos imagens do universo; planetas, estrelas, bactérias; imagens de algum filme da Crucificação de Cristo; vemos imagens de guerras e desastres naturais; imagens de crianças ricas e crianças miseráveis)


CENA 4

(Abadon aparece em um foco com um nariz de palhaço; em silêncio ele se apresenta como uma apresentação teatral; vagarosamente ele retira sua primeira camiseta e por baixo vemos outra com alguma frase em apoio à causas sociais e de direitos humanos; várias camisetas são apresentadas sobre feminismo, sobre o movimento LGBTT, sobre a guerra às drogas, HIV, MSTC, comunismo e socialismo)

ABADON
Jesus seria crucificado de novo. Seria taxado como petralha, comunista e amante dos vagabundos e pobres. Deus me livre me comparar, eu sou um bosta, eu não sou ninguém. Mas meu propósito aqui na Terra é fazer o que a gente tá fazendo aqui agora. Agora, aqui. Isso daqui. Essa encenação. Pelos fracos, pelos excluídos, pelos vagabundos. Se eu tenho medo do poder da moral e dos bons costumes? Se eu tenho medo de ter mostrado o pau pra essa sociedade conservadora? Medo de cu é rola. Vocês vão ter mais é que me engolir. Pau no cu da sua moral. Pau do no cu dos críticos teatrais do cajado divino da decência do que se deve ou não fazer em cena. Pau no seu cu.

(a Mãe entra)

MÃE
Essa juventude e esse pensamento sonhador de revolucionário. É a mãe que sofre. Não vai dar em nada isso tudo, escreva o que eu tô dizendo. Teremos uma porrada de críticas por causa dessa merda. Um rostinho bonito não é nada, meu querido.

ABADON
Pau no cu.

MÃE
A gente tenta, a gente tenta dar os exemplos. Mas no fim, quem sofre é a mãe.

(eles se abraçam em um reencontro, de volta ao realismo)

MÃE
Agora trate de criar juízo.

ABADON
Eu coloquei um piercing no mamilo. Quer ver?

MÃE
Agora você tem que dar um jeito de entreter essa cabeça, Abadon. Tem que arrumar um emprego, trabalhar. Não existe almoço de graça, Abadon.

ABADON
Eu sei, eu sei.

MÃE
Chega dessas besteiras, ouviu bem? Ouviu bem?

ABADON
Ouvi, mãe. Ouvi.

MÃE
Vamos. Seu tio tá esperando no carro.

(Abadon não se mexe)

MÃE
Vamo, filho. Ele tá com pressa.

ABADON
Eu não posso voltar pra casa, mãe.

MÃE
E vai pra onde, então? Pare de besteira, Abadon. Você tem família, você tem eu. Vamo embora.

ABADON
Eu sou diferente de você, mãe. Eu prefiro a nossa relação quando a gente se visita ou quando é tipo um reencontro. Se a gente voltar a conviver juntos de novo, vai dar merda. Eu não posso mudar quem eu sou.

(silêncio)

MÃE
E quem você é? Você é meu filho.

ABADON
Viado, maconheiro, artista, comunista e vagabundo.

MÃE
Para com isso, Abadon. Você inventou tudo isso. Você não precisa ser essas coisas, você não precisa ficar falando essas coisas.

ABADON
Não é querer ser, mãe. É ser o que eu sou.

MÃE
Filho...

(silêncio)

ABADON
Eu não vou voltar pra casa.

(silêncio)

MÃE
O que você quer que eu fale?

(Abadon dá um beijo no rosto da Mãe)

ABADON
Desculpa.

MÃE
Desculpa.

(eles se olham por mais algum tempo e a Mãe sai de cena em silêncio; Abadon, com suas poucas bagagens, encontra um canto, se acomoda e acende um cigarro)

ABADON
Quem nunca se sentiu como se não fosse desse planeta? Eu já me senti. Como se eu pertencesse à outra casta, à outra espécie. Tudo bem, muitos se revoltam com as coisas desse mundo, muitos defendem as coisas que precisam ser defendidas. Mas poucos vão à luta, poucos se aliam ao movimento anárquico da coisa. É coisa de moleque descabeçado? Foda-se. Eu quebraria a cabeça daquele general dez vezes se eu pudesse. Eu tiraria os bilhões parados em dígitos bancários dos poucos que se acham no direito de tê-los, e daria uma de Robin Hood. (pausa) Eu não me enquadro. Eu sou um depressivo. Eu não quero abaixar a cabeça pra patrão que fica rico pelo meu suor. Antes que a minha mãe tivesse tido sucesso na sua primeira cena desse espetáculo.

(ouvimos um som de chuva; Abadon se levanta empolgado pra se refrescar; em vídeo vemos a imagem de uma pomba branca)

ABADON
Chuva.

(a iluminação fica roxa; Abadon lambe o lábio)

ABADON
Vinho. É vinho. (gargalha extasiado) Tá chovendo vinho, caralho!

(a luz cai em resistência enquanto Abadon gira gargalhando; black-out)


CENA 5 E ÚLTIMA

(a Mãe entra arrumando a cena; ela retira todos os objetos e cenografia e dá alguma varrida rápida; por fim, ela acende um cigarro; as portas do teatro se abrem e Ragnarok aparece grandiosamente)

MÃE
Eu estive esperando por tanto tempo. Você demorou. Eu avisei que ia dar merda. (pausa) Desculpe por não ter conseguido completar essa missão. Mataram ele no fim das contas. Amarraram ele num poste e aplaudiram até em rede nacional.

RAGNAROK
A missão foi cumprida.

MÃE
Comprida de longa? Comprida de dolorida? Foi sim. Só eu sei como foi.

RAGNAROK
O propósito era esse. O propósito nem sempre é simples e fácil de se compreender.

(silêncio)

MÃE
E agora?

RAGNAROK
Agora deixe essa geração passar. A semente foi plantada nessa apresentação aqui. Coisas boas e coisas ruins serão julgadas. Não é mais seu serviço se preocupar.

MÃE
Eu vou ser lembrada como santa?

RAGNAROK
Com esse cigarro na mão?

(ela apaga o cigarro)

RAGNAROK
(ri) Venha. Santidade é outra coisa. Você precisa descansar. (ele a pega pelas mãos)

MÃE
Você não é um anjo, é?

RAGNAROK
Não.

MÃE
Um demônio?

RAGNAROK
Também não.

MÃE
Deus?

RAGNAROK
Muito menos.

MÃE
O que você é, afinal?

RAGNAROK
Eu sou igual a você. Um perdido nesse universo muito louco.

(os dois saem de cena, enquanto a música sobe; em vídeo vemos o universo e átomos; o espetáculo finaliza com o vídeo do bebê em gestação e por fim, um disco voador)


FIM




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