SEXY FRAUDE (CURTA-METRAGEM)

ROTEIRO CURTA-METRAGEM:


 SEXY FRAUDE


Personagens
SULIMAN; gordo, 52 anos.
OTÁVIO; moleque, 24 anos.
ALANA; garota de programa, 29 anos.
RITA; garota de programa, 38 anos.
CARLITOS; garoto de programa afeminado, 26 anos.
SEGURANÇA (JU); forte, 30 anos.
HOMEM
ATENDENTE
ATENDENTE (VOZ)
MULHER
JOVENS


PRÓLOGO – áudio.

ATENDENTE (VOZ)
Polícia Militar Emergência.

VOZ
É...

ATENDENTE (VOZ)
Alô?

VOZ
Matei quatro pessoas. Comi e matei.

ATENDENTE (VOZ)
Desculpe, senhor. Eu não entendi. Pode repetir, por favor?

VOZ
É prisão pra isso?

(silêncio)


CRÉDITOS INICIAIS; mostram-se cenas de filmes pornôs. Coisas mais nojentas que excitantes, talvez com um pouco de sadomasoquismo.



CENA I: Externa – um matagal no meio da estrada.

(Otávio está dentro do carro aguardando; Suliman mija em uma árvore)

OTÁVIO
Vai logo.

SULIMAN
Calma, carai.

(o mijo continua em silêncio)

OTÁVIO
Minha vó vai ficar puta, cara.

SULIMAN
Vá cagar.

OTÁVIO
(baixo) Caramba.

(Suliman termina, guarda o pinto e fecha a calça cambaleando; vai até o carro, coloca a mão pela janela e procura algo no porta luvas)

SULIMAN
“Minha vó vai ficar puta”. Quantos anos você tem, moleque?

OTÁVIO
Vinte e quatro, cara. Por que? O que tem?

SULIMAN
Vinte e quatro. (ri)

OTÁVIO
Ah, vá.

SULIMAN
Criado com vó, é?

OTÁVIO
Que é? Quer que eu conte meu drama?

SULIMAN
Órfão?

OTÁVIO
Pai preso, mãe puta.

SULIMAN
Meus sentimentos.

(Suliman encontra um pacotinho; entra no carro e faz uma carreira na carteira)

SULIMAN
Se importa?

OTÁVIO
O que?

SULIMAN
Se importa, carai?

OTÁVIO
Ah, não. Não, não. Tranquilo.

(silêncio; Suliman cheira)

SULIMAN
Puta de zona?

OTÁVIO
Oi?

SULIMAN
Sua mãe. Puta de zona?

OTÁVIO
Não. Não esse tipo. Não puta de puteiro, manja? Tipo puta de lazarenta. Ela que botou meu pai na cadeia. Aí depois fugiu com um filho da...

SULIMAN
Quer cheirar?

OTÁVIO
Não, valeu. Amanhã eu acordo cedo.

SULIMAN
E eu não? Vai aí.

OTÁVIO
Não. Valeu.

SULIMAN
Você que sabe.

(Suliman esconde o pacotinho em baixo do banco e encara Otávio por alguns segundos)

OTÁVIO
Que foi?

SULIMAN
Nada.

(Suliman liga o carro)

SULIMAN
Já foi num puteiro, moleque?

OTÁVIO
O que?

SULIMAN
Puteiro. Já foi?

OTÁVIO
Não.

SULIMAN
Mas não é virgem, é?

OTÁVIO
Não.

SULIMAN
Já comeu puta?

OTÁVIO
Hã?

SULIMAN
Puta? Já comeu?

OTÁVIO
Não.

SULIMAN
Vamo tomar a saideira, então. Tem um lugar aqui perto “mucho loco”.

OTÁVIO
Não, seu Suliman, eu tenho que... Eu tinha que estar em casa às onze.

SULIMAN
Que é? Num gosta de mulher?

OTÁVIO
Não. Não é isso, é que...

SULIMAN
Eu pago. Fica tranquilo. Só uma saideira. Temos que comemorar, rapaz! (grita pra fora do carro)

OTÁVIO
Comemorar o que mesmo?

SULIMAN
(tosco; como um idiota que não sabe o que fala) Essa metamorfose ambulante, rapaz! (ri) Sexo, drogas e putaria! É sexta-feira, moleque!

OTÁVIO
(sem ânimo) Ah, mas que legal.

(música)



CENA II: Externa – frente à boate.

(Alana está fumando um cigarro; Rita sai da boate irritada)

RITA
Gordo filho da puta.

ALANA
Eu avisei, gata.

RITA
Dá um cigarro pra mim.

ALANA
Fume comigo. O meu tá acabando.

(elas fumam)

RITA
Nojento. Ai. Juro, eu não sou fresca.

ALANA
Eu sei.

RITA
Mas aquele cara pelo amor de deus.

ALANA
Até o dinheiro dele fede. É sério. Cheire pra você ver.

RITA
Deus me livre! Vai saber onde ele guarda. E tem aquele suorzinho nas dobrinhas e no sovaco. Ai! O problema não é ser gordo, é ser porco. Ai, credo!

ALANA
Que nojo!

RITA
Eu até gosto de um gordinho cheiroso. É uma merda esse negócio de não poder fumar lá dentro, né?

ALANA
Nem fale.

(silêncio)

RITA
Conseguiu alguém?

ALANA
Ainda não. Agora a pouco apareceu um carro cheio de viado. Tudo lindo. Tudo viado. Um mais lindo que o outro, você devia ver.

RITA
Carlitos, né?

ALANA
Exatamente. Perguntaram se aqui só tinha puta. Molecada. O mais velho devia ter dezoito. Daí o Carlitos tava de bobeira e foi.

RITA
O meu já tá com dezessete. Acredita, Alana? Não parece que foi ontem?

ALANA
Sei lá.

(silêncio; um homem é expulso da festa por um segurança)

SEGURANÇA
Vaza daqui, seu filho da puta! Se eu ver sua cara de novo eu capo você! Você ouviu? Ouviu? Eu não tô de brincadeira, rapaz!

HOMEM
Vai tomar no cú.

(o Segurança chuta o homem mais uma vez; ele cai e sai cambaleando)

RITA
O que foi, Ju?

SEGURANÇA
O filho da puta puxou a Sô à força pra chupar ele. É um filho da puta viado.

ALANA
Que corno.

RITA
Deve ser bixa enrustida.

(o homem sai acelerando com o carro)

ALANA
Olha o vagabundo.

(Rita pega uma pedra e joga de longe; ela acerta; Alana, Rita e o Segurança riem)

ALANA
Vaca de mira boa.

RITA
Viu só? Brinca comigo.

(um carro chega; é Suliman e Otávio; ouve-se um rock clássico clichê)

SULIMAN
I love Rock in roll! E buceta! (desce do carro) Quem gosta de buceta grita “urra”. Urra!

RITA
Mais gordos.

ALANA
O outro é bonitinho.

RITA
Pelo amor de deus, Alana.

(Otávio desce)

RITA
Eu escolho o menino!

ALANA
Não. Eu escolho o menino. Eu vi primeiro.

RITA
Eu sempre fico com o velho, merda.

SULIMAN
Olá, meninas!

RITA
Oi. Procurando diversão?

SULIMAN
Procurando putaria. Se é que você me entende.

RITA
Nós não fazemos juntas. Só pra avisar.

SULIMAN
Ah, que pena!

ALANA
Não querem tomar um drink antes?

OTÁVIO
Na verdade só viemos fazer isso. Uma saideira.

ALANA
Toma duas, ganha a terceira.

SULIMAN
Que nada. A gente vai comer. Quanto é?

RITA
Ok. Nada de drink.

ALANA
Vocês querem o que?

OTÁVIO
Eu não quero...

SULIMAN
Sexo. Pros quatro junto.

OTÁVIO
Seu Suliman, eu acho...

SULIMAN
Relaxa, rapaz. Vai ser divertido.

RITA
Já disse que não fazemos as duas juntas.

SULIMAN
Não. Vocês não precisam se pegar. Mas eu quero ver ele comendo ela.

ALANA
Por que?

OTÁVIO
É. Por que?

SULIMAN
Porque eu que vou pagar essa merda. Vai todo mundo junto. Eu vou pagar. Vai rolar?

OTÁVIO
Seu Suliman, eu...

SULIMAN
Vai, gente. Vamo logo com essa porra. Vamo putear, moleque. Olha essas delícias.

(as meninas riem; elas não são tão delícia)

OTÁVIO
(baixo) É que eu tenho namorada, cara.

SULIMAN
Namorado?

OTÁVIO
Namorada.

RITA
Vamos?

SULIMAN
Namorada não é esposa.

ALANA
Pra onde a gente vai?

SULIMAN
Meu sítio. É perto daqui.

OTÁVIO
Você não é casado?

SULIMAN
(depois de uma pausa) Não mais. Quanto é?

ALANA
Duzentos.

SULIMAN
Caralho, meu! Duzentos contos?

RITA
Cada.

OTÁVIO
Jesus. Coragem.

RITA
Mas é completo.

SULIMAN
Então beleza. Entra aí.

(todos entram no carro; música)



CENA III: Externa – posto de gasolina.

(Suliman estaciona)

SULIMAN
Desce lá comprar uma bebida, fio.

(ele dá o dinheiro para Otávio; Otávio desce do carro em silêncio)

SULIMAN
Então é assim que puta se veste. Feio?

ALANA
Garota de programa.

SULIMAN
Puta.

RITA
É sua primeira vez com puta?

SULIMAN
Imagina. Já comi mais gente do que você vai conhecer.

ALANA
Garanhão, é?

SULIMAN
É.

ALANA
Quantos centímetros?

SULIMAN
O que?

ALANA
O pau. (tenta pôr a mão dentro da calça de Suliman)

SULIMAN
(interrompe estupidamente) Ainda não.



CENA III (2): Interna – conveniência do posto de gasolina.

(mostra-se Otávio dentro da conveniência; coloca um fardo de cerveja no balcão e um pacote de camisinha)

OTÁVIO
Só isso. Me vê um cigarro também.

(um carro estaciona lá fora, ao lado do carro de Suliman; Otávio repara a gritaria dos jovens do outro carro; um garoto, um tanto afeminado, desce do carro e entra na conveniência)

CARLITOS
Buenas notches, mi cumpadres! Boa mala, moleque.

OTÁVIO
(ri sem graça) Obrigado. (pega o troco)

CARLITOS
(alto) Vocês vendem maconha aqui?

(silêncio)

CARLITOS
Brincadeira. Vinho seco. Tem?

ATENDENTE
Ali. Na geladeira.

CARLITOS
Vinho doce é pra bixa.

(Alana entra na conveniência)

OTÁVIO
Já comprei.

ALANA
Carlitos, seu filho da puta! Sortudo!
CARLITOS
Lana!

ALANA
Onde vocês estão indo? Eles são gatíssimos, seu puto.

CARLITOS
Sua cadela, eu voltei lá pra te buscar! Vou comer aqueles menininhos! (ri) São todos passivos. Daí tem um que quer comer uma menina.

ALANA
Sério?

CARLITOS
Ele que disse, né.

ALANA
É que eu tô indo com eles. Duzentão.

CARLITOS
(baixo) Viu, mas a hora que você terminar, me liga. Eles tem dinheiro. Pra caralho, menina. E é tudo bebê.

OTÁVIO
Vamo?

ALANA
Ah. Vamo sim.

CARLITOS
Tem certeza que prefere ela, rapaz? Meu serviço pode ser mais delicioso.

ALANA
Tá bom.

OTÁVIO
(ri simpático)

SULIMAN
(lá fora) Vai logo aí!

ALANA
Vamos. Qualquer coisa me liga, Ca.

CARLITOS
Minha filha, eu tenho você no meu rastreador.

(eles riem)

CARLITOS
A hora que você terminar me dá um toque que eu falo pra eles te buscar. Vai rolar piscina, menina!

SULIMAN
(grita) Vamo, merda!

CARLITOS
Me liga, gata! Fala pra Rita também.

ALANA
Beijo.

(música)


CENA IV: Externa – Carro

(música; mostra-se dentro do carro; silêncio de alguns segundos)

SULIMAN
(quebrando o silêncio) Vocês chupam?

RITA
Claro.

(elas riem; silêncio)

SULIMAN
Abra uma cerveja pra mim.

(Otávio obedece; Suliman bebe)

ALANA
Você mora muito longe?

SULIMAN
É uma chácara.

ALANA
Hum.

OTÁVIO
Eu pensei que você fosse casado, cara.

(silêncio)

RITA
Então, a gente só chupa com camisinha, entendeu?

(silêncio)

OTÁVIO
Por mim, tudo bem.

ALANA
Por segurança.

OTÁVIO
É melhor.

RITA
Melhor não é, né?

(eles riem)

OTÁVIO
É.

SULIMAN
(calmo, sem ânimo) Quatrocentos conto.

(silêncio)

RITA
Vocês são amigos? Parentes?

SULIMAN
Ele é meu pai.

OTÁVIO
A gente trabalha junto.

ALANA
Com o que?

SULIMAN
Muita pergunta pra pouca bunda! Chega aí.

ALANA
Ai, desculpa.

(silêncio)

RITA
Você é virgem, menino? É sua primeira vez, é isso?

OTÁVIO
Não. Não, eu não sou virgem. A gente tava voltando de um churrasco na casa de um compadre aí. Aí ele teve a ideia de... (desiste) Eu tenho vinte e quatro, sei que pareço que tenho menos.

ALANA
Parece mesmo.

RITA
É verdade.

SULIMAN
(fora do assunto) E quem não gosta de uma bucetinha quentinha no fim da noite, hein? Hein, moleque? É ou não é? É sexta-feira. Todo homem merece uma cerveja e uma buceta na cara. Gosta de buceta na cara, moleque? Gosta?

OTÁVIO
Que é isso, Seu Suliman, eu...

SULIMAN
Gosta ou não gosta? Sua namorada não põe a buceta na sua cara?

RITA
Hum. Você tem namorada, é?

SULIMAN
Não põe não, fio? Hein? (silêncio) Meninas, esse moleque é viado. Eu já sabia. (ri)

OTÁVIO
Eu não sou viado, cara.

SULIMAN
Todo mundo comenta lá no trabalho, cara. Viadão! Não gosta de buceta. (ri) Mostra a buceta pra ele, meninas.

OTÁVIO
Não precisa.

SULIMAN
Não é possível que tu não goste de uma buceta bem quentinha. Babando. E a mina pulando no seu colo, como uma camela com sede de pau, sabe? Não é bom? Hein? Tu não gosta disso? Não gosta? É ou não é?

(silêncio)

SULIMAN
É ou não é, moleque?

OTÁVIO
É, Seu Suliman.

(longo silêncio)

ALANA
Como é seu nome?

OTÁVIO
Otávio.

SULIMAN
Vai ser a primeira vez dele com puta. Comportem-se, então, garotas de programas.

RITA
Eu sei me comportar muito bem.

ALANA
E eu faço o papel da menina má. Rola um chicote, se quiser.

(elas riem)

SULIMAN
(sem ânimo) Ah, mas que delícia. Ansioso pra caralho.

RITA
Você trouxe o chicote mesmo?

(Alana ri; Rita e Otávio riem juntos)

OTÁVIO
(sincero) Vocês são divertidas.

(Suliman encara Otávio por alguns segundos e volta à olhar pra pista)


CENA V: EXTERNA – entrada da chácara

(mostra-se o carro chegando e estacionando; todos descem do carro)

RITA
Hum. Bacana.

ALANA
Sua chácara é assustadora.

SULIMAN
Só de noite.

OTÁVIO
Quem é aquela na foto, Seu Suliman?

SULIMAN
Que foto?

OTÁVIO
A do seu armário.

SULIMAN
Não é ninguém.

OTÁVIO
Eu jurava que era sua esposa.

RITA
Você mora sozinho aqui?

SULIMAN
Sim. Vamo entrando.

(todos entram; Suliman, antes de entrar, observa ao redor e finalmente entra; lentamente mostra-se sangue ao pé da porta; pequeno suspense)



CENA VI: INTERNA – sítio de Suliman

(mostra-se Otávio e Suliman sem camiseta sendo chupados pelas meninas)

SULIMAN
Tá gostando, moleque?

OTÁVIO
Tô meio desconfortável.

(silêncio)

SULIMAN
Tá de pinto mole ainda?

OTÁVIO
(ri) Eu tô meio nervoso.

SULIMAN
Chupa direito, menina! O moleque é novato. (ele empurra a cabeça de Alana bruscamente)

OTÁVIO
Calma, cara. Tá bom aqui.

(silêncio; ouve-se os estalos da chupeta)

ALANA
Tô conseguindo.

SULIMAN
Tá?

ALANA
Aham.

(silêncio)

SULIMAN
Cuidado com o dente, ô!

(silêncio; mais barulho das chupetas com gemidos das meninas)

SULIMAN
Eu falei cuidado com o dente, merda! (empurra Rita)

RITA
Ai, cara! Desculpa.

SULIMAN
Desculpa uma porra! Tu me esfolou, caralho. Olha aqui!

RITA
Foi mal, cara.

ALANA
Quer trocar? Eu não me importo.

SULIMAN
Não. Chega. Eu cansei dessa merda. (se levanta) Tu não sabe fazer. (abre um vinho doce; bebe no bico)

RITA
Ixi.

(Alana volta a chupar Otávio)

SULIMAN
Para com essa merda você também! (empurra Alana com o pé)

OTÁVIO
Calma, cara!

SULIMAN
Nem de pinto duro você consegue ficar, cara. Cale essa boca aí.

OTÁVIO
Caramba, Seu Suliman.

RITA
Aí, cara, vai querer comer? Vamo logo com isso, vai. Tu tá sendo muito escroto.

ALANA
Não precisava empurrar, idiota.

OTÁVIO
Desculpem, moça. Ele não queria...

SULIMAN
Desculpa o meu caralho! É tudo puta! Puta que gosta de chupar uma rola! Essa daí precisa arrancar uns dentes pro negócio andar!

RITA
Vai se foder.

SULIMAN
É tudo puta, moleque! Tu não gosta? Você num gosta, né, moleque? Nem gosta de putinha chupando seu pintinho que eu sei. Dá pra ver que é uma bixa de longe.

OTÁVIO
Olha aqui, seu Suliman, eu falei que eu não queria vir. Eu tenho namorada, cara. E agora você tá fazendo esse papelão aí, dando uma de louco. Fala sério, cara. Vamo parar com essa palhaçada. Vamo todo mundo embora, beleza?

SULIMAN
Quero as duas chupando meu pau. Vai.

OTÁVIO
Ninguém vai chupar mais ninguém aqui. Vamo embora, Seu Suliman. Leve a gente embora. Eu tô falando sério, cara. Que merda. Leva a gente embora, por favor?

SULIMAN
Eu vou pagar a merda da janta dessas vacas. Quero as duas chupando meu pau. Tu não gosta mesmo. Vai ficar só olhando agora.

OTÁVIO
Ah, mas que caralho. Eu quero ir embora, porra!

SULIMAN
Vai. As duas chupando meu pau. Vamo.

RITA
Eu já disse que não fazemos...

SULIMAN
Eu vou pagar quatrocentos conto por essa porcaria! Vai logo e para de frescura!

ALANA
A gente não faz...

(Suliman tira uma arma de baixo do travesseiro; silêncio)

OTÁVIO
O que é isso, cara?

SULIMAN
Vamo logo! Chupando meu pau.

ALANA
Moço, pelo amor de deus.

RITA
Não precisa disso, cara.

OTÁVIO
Suliman, pelo amor de deus, cara. O que é isso?

SULIMAN
Chupando meu pau! Agora!

OTÁVIO
Suliman, guarde essa merda, cara! Você tá maluco! Pra que isso?

SULIMAN
Cale a boca se não é você quem vai chupar meu pau. Aposto que tu ia curtir. Não ia?

ALANA
Pelo amor de deus, gente. Deixa a gente ir embora.

RITA
Não vamos contar pra ninguém.

ALANA
Pra ninguém.

SULIMAN
Caralho! Eu já disse! As duas chupando meu pau! Agora! Uma chupa o pau, a outra chupa o saco! Vai! Vai, caralho!

OTÁVIO
Pelo amor de deus, cara... (vai até a janela)

(as meninas se abaixam e chupam Suliman)

SULIMAN
E sem dente! (coloca a arma na cabeça de Rita) Chupa direito! Não gosta de rola? Tem que aprender.

OTÁVIO
Cara, eu vou embora.

SULIMAN
Não vai pra lugar nenhum! Segura essa ansiedade aí, moleque. Venha aqui. Venha aqui, eu falei. (pausa) Tu é viado?

OTÁVIO
Suliman, pelo amor de...

SULIMAN
Caralho, moleque, responde a pergunta. Tu é viado?

OTÁVIO
Não, cara. Eu não sou viado!

SULIMAN
Então come o cú dessa daí.

OTÁVIO
O que?

SULIMAN
Vai, rapaz! Come ela. Olha que bunda bonita.

OTÁVIO
Não. Eu não quero.

SULIMAN
Come a menina, caralho! Tu é viado. Só pode ser uma bixa.

OTÁVIO
Não, seu Suliman. Não é isso, é que...

(Suliman empurra as meninas com violência)

SULIMAN
Vai, então. Fica de quatro nessa merda.

OTÁVIO
O que?

SULIMAN
Fica de quatro, caralho!

OTÁVIO
Você tá maluco?

SULIMAN
Não quer comer a menina! Fica de quatro que eu vou comer sua bunda! Vai! Vai logo, merda! (aponta a arma pra cabeça de Otávio) Agora, caralho! Fica de quatro!

(silêncio)

SULIMAN
Caralho, eu não vou falar de novo. Fica de quatro, moleque!

OTÁVIO
Eu como a menina.

SULIMAN
O que?

OTÁVIO
Eu como ela.

SULIMAN
Eu não entendi. Vai comer a menina, é isso?

OTÁVIO
Eu como.

SULIMAN
Vai. Fica de quatro menina.

(Alana e Rita estão quietas quase chorando em um canto)

SULIMAN
Menina! Eu falei com você. Fica de quatro.

(Alana vagarosamente se aproxima e fica de quatro tremendo; Suliman levanta a saia dela)

SULIMAN
Vai.

(Otávio se aproxima em silêncio; ele se arruma para a penetração; ele tenta por alguns segundos sem sucesso)

SULIMAN
Vai!

OTÁVIO
Calma.

(silêncio; Otávio continua tentando)

ALANA
Não vai.

OTÁVIO
Porra, tu tá com a arma na minha cara!

SULIMAN
Você é uma bixa!

 (subitamente, Suliman atira na cabeça de Alana)

SULIMAN
Odeio puta, cara.

RITA
(grita desesperada)

(suspense)

OTÁVIO
Puta que o pariu! Puta que o pariu! Por que você fez isso? Caralho! Caralho!

SULIMAN
(alucinado) Vai. Come ela. Come agora que eu quero ver.

OTÁVIO
Caralho, cara!

SULIMAN
Come ela, Tavinho! Ói que delícia.

RITA
Ai, meu deus! Ai, meu deus do céu!

SULIMAN
Cale essa boca se não eu atiro em você também! Quer morrer, menina? Quer morrer, sua delícia?

RITA
(engole o choro)

SULIMAN
Não? Ainda não? Que bom.

OTÁVIO
Me leva pra casa, cara. Eu não queria... eu quero...

SULIMAN
(ri) Quer dar o rabo, moleque? É mais fácil, não é?

OTÁVIO
Seu Suliman, pelo amor de deus! Me deixa fora dessa porcaria, cara. Tu matou a menina, cara. Tu matou a menina.

SULIMAN
Biscate ninguém sente falta.

OTÁVIO
Você ficou louco, cara! Que merda é essa?

(Suliman pega Otávio pelo pescoço e o faz ajoelhar)

SULIMAN
Você é bixa. (cospe na cara dele) Chupa rola! Chupa rola, moleque? 

OTÁVIO
Seu Suliman...

OTÁVIO
Pede pra não morrer, moleque.

OTÁVIO
Pelo amor de deus! Pelo amor de deus!

SULIMAN
Pede pra não morrer, porra! Eu quero ver você pedindo pra não morrer!

OTÁVIO
(chorando) Por favor! Por favor!

SULIMAN
Por favor o que?

OTÁVIO
Não me mate, seu Suliman! Pelo amor de deus!

(ouve-se um gemido de Rita; Suliman, sem olhar atira na direção de Rita)

OTÁVIO
Caralho!

RITA
(grita desesperada; mostra-se que foi atingida de raspão na bochecha; ela chora aterrorizada)

SULIMAN
Alguém aqui ainda tá achando que eu tô de brincadeira? Hein? Tem alguém aqui achando que eu tô brincando? Falaí, moleque. Você que me conhece. Acha que eu tô brincando?

RITA
(grita) O que é que você quer?

SULIMAN
(segura Rita pelo rosto bruscamente) Sexo, porra! Eu quero sexo pra caralho, menina! Tu mal sabe chupar uma rola direito! Eu devia arrancar seus dentes um por um. (pausa; Rita chora) Isso aqui é uma maluquice, entende? Você não serve, sua nojenta! (ele passa a mão por baixo do vestido de Rita; depois cheira o dedo) Porca! É uma vaca nojenta. Me dá nojo, biscate. Você dá vontade de vomitar. Não serve! (gargalha)

OTÁVIO
O que você tá fazendo, cara? O que é isso?

(Rita empurra Suliman que cai em um canto; ela abre a porta do quarto e sai correndo pela casa; ouve-se um tiro; mostra-se Rita tentando abrir uma porta trancada; logo encontra a saída e foge para o meio do mato; ela tira o celular da bolsa e liga para alguém)

RITA
(correndo) Alô! Alô! (chora) Ca, pelo amor de deus! Mataram...

(ouve-se um tiro; Rita cai morta)

SULIMAN
(grita surtado no batente da porta) Biscate filha da puta!

(música)




CENA VII: INTERNA – quarto de Suliman

(mostra-se o corpo de Alana; depois Otávio sentado em um canto, de cabeça baixa; Suliman entra)

SULIMAN
Eu odeio puta, cara. Toda puta devia morrer. Não presta. Nenhuma. Quer que eu mate sua mãe, moleque? Se quiser eu apago ela. (ri)

(silêncio)

OTÁVIO
Por que, Seu Suliman? Por que isso, cara?

SULIMAN
Por que você é um merda de um viadinho!

OTÁVIO
As pessoas vão ficar sabendo, Seu Suliman.

SULIMAN
Que você é viado?

OTÁVIO
Que você mata. Vão ficar sabendo. Você pode me matar mas vão ficar sabendo. Aí você vai pra cadeia, cara! É isso que você quer? Hein?

SULIMAN
Todo viado e toda puta devia morrer. Eu tô fazendo um favor.

OTÁVIO
Eu já disse que eu não sou viado!

SULIMAN
É uma bixa.

OTÁVIO
Sabe o que acontece na cadeia, compadre? Neguinho vai comer seu cu, seu filho da puta! Aí você vai ver o que é gostoso. Neguinho come o cu de novatos, meu filho. Tu vai ser o viadão gordo da rapaziada!

(silêncio; vagarosamente e calmo, Suliman arrasta o corpo de Alana para fora do quarto; ouve-se alguns barulhos e depois silêncio; ouve-se um celular tocar lá longe)

SULIMAN
(em off) Tá tocando o celular da vagabunda. Ói que lindo.

(ouve- se outro tiro; Otávio pula assustado; Suliman volta)

SULIMAN
Matei o celular. (ri)

(silêncio; Suliman senta-se e olha pra Otávio, esperando algo)

OTÁVIO
Me leve embora, Seu Suliman. Eu não conto pra ninguém.

SULIMAN
Ninguém vai embora. Bixa tem que morrer.

OTÁVIO
Mas eu não sou bixa, cara! Eu não sou bixa! Eu já falei!

SULIMAN
É bixa! Todo mundo sabe! Curte chupar uma rola que eu sei. Não gosta de buceta, gosta de rola! (põe a arma perto da boca de Otávio) Chupa a minha pistola, Tavinho, chupa. Chupa minha pistolinha.

OTÁVIO
Qual é seu problema? Eu já disse que não sou viado, cara.

SULIMAN
É viado sim!

OTÁVIO
Qual é esse seu problema com viado, cara? O que é que é? Você é mata-bixa, é isso? Hein? Justiceiro de deus, é isso? Exterminador de bixa?

(silêncio; Suliman anda pelo quarto)

OTÁVIO
(desesperado) Você quer me matar? Hein? Então me mata logo, porra. Me mata de uma vez, merda.

SULIMAN
Você tem que entender que isso não tá certo, cara. É má fabricação, essa porra!

OTÁVIO
Me mata logo, caralho! (pausa) Eu tenho família, porra. Eu amo minha mina. Eu não sou viado. Me mata logo, cara. Me mata ou então...

(Suliman atira na cabeça de Otávio no susto; silêncio, suspense; vagarosamente Suliman vai até o banheiro e mija; dá a descarga e lava a mão; volta e arrasta o corpo de Otávio; ele passa pelo corredor, pela sala e sai para o exterior; ele coloca o corpo de Otávio ao lado de Alana no gramado; some na escuridão e logo volta arrastando o corpo de Rita; coloca os corpos alinhados; some mais uma vez e volta com o corpo de uma mulher; ele joga álcool nos corpos e ateia fogo; ao mesmo tempo ele mexe em seu celular)

(música alegre; clipe com imagens nojentas e sexuais)





CENA VIII: Externa – centro da cidade

(amanheceu; mostra-se Suliman com algumas sacolinhas de supermercado; ele chega até seu carro e procura as chaves no bolso; alguém o empurra contra o carro)

SULIMAN
O que é isso?

(Ju, o Segurança, o segura apertando seu pescoço; Carlitos está ao lado)

CARLITOS
Cadê minhas meninas?

SULIMAN
(ri)

CARLITOS
Aperta, Ju. (ele obedece) Cadê minhas meninas, seu filho da puta! Eu lembro de você. Eu nunca esqueceria um gordo nojento igual você.

SULIMAN
(cospe em Carlitos) Bixa.

SEGURANÇA
(dá um murro no estômago de Suliman) Fala agora.

CARLITOS
Eu vou falar só mais uma vez. Cadê minhas meninas?

SULIMAN
Eu já chamei a polícia. Não se preocupem.

CARLITOS
O que você fez com elas? Fala!

SEGURANÇA
Fala, merda!

SULIMAN
Eu já chamei a polícia! Eu vou pra cadeia, meninos. Não precisam se preocupar mais.

CARLITOS
(dá um murro em Suliman) O que você fez com elas?

SULIMAN
(rindo) Eu comi e taquei fogo!

(silêncio)

CARLITOS
Bota ele no carro, Ju.

(o Segurança empurra Suliman para dentro do carro)

(música)



CENA IX: Externa – represa

(o carro estaciona derrapando ao lado da queda de uma represa; Carlitos desce)

CARLITOS
Tira ele. Pega ele, Ju.

(o Segurança tira Suliman que se diverte com a situação)

CARLITOS
Seu filho da puta desgraçado! Você pegou minhas meninas, seu lazarento! (chuta Suliman na barriga) Filho da puta!

SULIMAN
Eu... já chamei a polícia. Não se preocupem. Eles demoraram e eu resolvi fazer um café da manhã. Foi isso.

SEGURANÇA
Cadê as meninas? Cadê elas, seu bosta?

SULIMAN
Eu já disse que eu comi e taquei fogo! Eu comi e taquei fogo nos quatro!

CARLITOS
Pega o pedaço de pau, Ju. Tá embaixo do banco.

SULIMAN
O que?

CARLITOS
Um pedaço de pau. Eu vou enfiar no seu cu, seu merda. Até você gozar.

(Suliman ri; o Segurança volta com um cabo de madeira)

CARLITOS
Você tá rindo, seu filho da puta? (chuta Suliman mais uma vez, que ri mais) Vai, Ju! Enfia no rabo dele. E eu quero ver sangue.

SULIMAN
(rindo) Finalmente vocês entenderam um dos pontos da questão.

CARLITOS
Eu vou é arrombar seu ponto, seu merda. Vai, Ju! Pode enfiar! Pra sair na garganta.

SULIMAN
Pode enfiar que eu tô preparado. (se levanta decidido, abaixa a própria calça e vira de costas) Vai gostoso.

CARLITOS
Mas... o que...?

SULIMAN
Pode enfiar, porra. Não é pra enfiar? Enfia, então. Se quiser eu chupo antes.

CARLITOS
O que?

SULIMAN
Eu chupo antes. Não é assim que se faz? Chupar antes pra lubrificar?

SEGURANÇA
É uma bixa, Ca.

CARLITOS
Você é bixa? É uma bixa maníaca, é isso?

SULIMAN
(sério) Eu já chamei a polícia. Vou pra cadeia. Eu me entreguei, não precisam se preocupar.

CARLITOS
Eu não acredito nessa merda! Cadê minhas meninas?

SULIMAN
Eu matei as duas, porra! Você é surdo? Taquei fogo nas duas! Quer ir lá ver o toco? Sobrou um toco das duas. Quer ir ver?

CARLITOS
Eu não acredito em você.

SULIMAN
Vai enfiar o pau ou posso erguer minha calça?

(Carlitos e o Segurança ficam em silêncio sem saber o que fazer; Suliman levanta as calças)

SULIMAN
Posso ir? Eu não quero arranjar mais problemas, tá bom.

CARLITOS
Por que você matou minhas meninas, cara? Por que?

SULIMAN
Porque toda puta e todo viado tem que morrer. Você sabe.

SEGURANÇA
(lembrando) Você é viado, cara. Eu sei. Eu lembro...

SULIMAN
Você não sabe o que tá falando.

SEGURANÇA
Eu lembro de você de outras noites. É um puta de um viadão. Eu trabalhava no...

SULIMAN
Cale essa boca! Fica quieto!

SEGURANÇA
Tu só arranjava problema. É viadão, Ca. Passivo.

CARLITOS
Do tipo urso, é?

SULIMAN
(verdadeiramente irritado) Não sou viado! Eu não sou! Eu... eu... tô com problemas, é isso! Eu tô doente, cara. Eu vou morrer! É sério, cara. Eu tô morrendo. Dá pra ter um pouco de respeito?

SEGURANÇA
Vai morrer o caralho! É viado, cara! Você é um viadão filho da puta! Uma bixa!

CARLITOS
Não disse que viado tem que morrer? Vai ter que se matar, filhote.

SULIMAN
Eu não sou bixa! Eu já falei que eu não sou bixa!

CARLITOS
O que a gente faz agora, Ju?

SULIMAN
Eu não sou viado! Eu juro.

SEGURANÇA
Vamo matar esse filho da puta. É maluco.

SULIMAN
Não! Por favor! Me deixa ir pra cadeia! Lá vai ser melhor! Não vou ter que dar satisfação pra ninguém. Lá eu não vou ter que dar satisfação pra ninguém.

CARLITOS
Você tá com a arma aí?

SEGURANÇA
Tô.

SULIMAN
Por favor! Não me matem! Eu vou ser preso! Eu vou tomar no cu por tudo o que eu fiz de errado. Eu já vou pagar!

CARLITOS
Cadê minhas meninas? Pela última vez.

SULIMAN
Já disse! Eu matei e taquei fogo!

(silêncio)

CARLITOS
Mata, Ju. Pode matar. (vira-se para ir para o carro)

SULIMAN
Não, por favor!

CARLITOS
Mata esse merda!

(ouve-se um disparo)

CARLITOS
Esse filho da puta nunca mais vai...

(outro tiro; Carlitos cai morto; Suliman sacou a arma antes do Segurança e atirou primeiro)

(silêncio; ouve-se a água da represa; mostra-se os dois corpos)

SULIMAN
Boa encenação, Suliman. (pausa) Um tanto dramático.

(mostra-se os pés de Suliman se aproximando do corpo do Segurança; ele se abaixa, cheira o pescoço, e mexe na carteira do Segurança; Suliman passa a mão pela barriga do Segurança até abrir o zíper da calça; seus olhos viram; tira uma faca do sapato e arranca fora o pênis do Segurança; ele se levanta e sai caminhando na direção menos provável, balançando o pênis ensanguentado)

SULIMAN
Na cadeia, neguinho come o cu dos novatos.

(mostra-se Suliman indo embora contente/cantarolando a pé pela estrada)


(FIM)


(CRÉDITOS FINAIS; apresenta o elenco, diretor e produção)


EPÍLOGO

(mostra-se Suliman na cadeia, sentado com cara de paisagem; a cela abre; no canto da tela pode-se ver parte do corpo de um homem nu entrando na cela; Suliman verifica o conteúdo e esboça um leve sorriso antes do black-out)


*******FIM********



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